
Fiz o teste do TikTok para TDAH e os resultados foram surpreendentes!
2025-04-06
Autor: Ana
Você costuma esquecer onde deixou suas chaves ou o celular? Marca um sim. Tem dificuldade em manter o foco em tarefas monótonas? Outro sim. Lê vários livros simultaneamente e demora para concluir? Check. Fica incomodado com música alta quando está focado? Sim de novo. Se a resposta for sim para todas, como a minha, aqui vai o veredito: TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade).
O resultado surgiu mais rápido do que um teste de farmácia para Covid. Os 'médicos' do TikTok, que não sabem nada sobre minha vida, pareceram ter uma capacidade impressionante de diagnosticar minha condição através de algumas respostas simples. Responder a uma série de perguntas de sim ou não é tudo o que basta, e no final, você recebe o resultado junto com uma receita milagrosa.
Entretanto, se essa mesma pesquisa fosse realizada com qualquer pessoa vivendo na agitação da vida moderna e na era digital, muitos se identificariam com os sintomas. O verdadeiro diagnóstico? Viver em 2025, cercado de distrações.
Um estudo alarmante publicado em março de 2023, conduzido por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, mostrou que, entre os sintomas divulgados nos vídeos mais populares sobre TDAH no TikTok — que acumulam quase meio bilhão de visualizações — menos da metade se baseia em fontes confiáveis. Essa descoberta levanta questões sobre a veracidade do conteúdo que consumimos.
Embora as redes sociais possam ser aliadas à saúde mental, ajudando a aumentar a conscientização e a combater estigmas, muitas vezes, a busca por curtidas se torna mais valiosa do que a ciência comprovada. Num vídeo, uma adolescente dançando exibe uma lista de 'sintomas' de autismo, como não gostar de usar meias ou dormir com a TV ligada, como se essas fossem normas universais.
Infelizmente, muitos usuários se tornam vítimas dessa 'diagnosticação' instantânea. Comentários como "Me identifiquei com tudo isso, alguém me ajude!", ou "Descobri que sou autista aos 56 anos", refletem como esse tipo de conteúdo pode ser prejudicial. Os vídeos que falam sobre TEA (transtorno do espectro autista) e TDAH são dos mais visualizados, mas apenas 27% do conteúdo com a hashtag #autismo possui informações precisas sobre a condição.
Curiosamente, alguns vídeos prometem curas milagrosas para o autismo, oferecendo de tudo, desde pulseiras magnéticas até óleos essenciais, e, pasmem, recomendando até a ingestão de alvejantes como tratamento. É uma verdadeira crueldade que muitas vezes leva pais desavisados a colocar a saúde de seus filhos em risco.
Além de confundir a compreensão sobre esses transtornos, esse tipo de desinformação prejudica a capacidade das pessoas de lidar com suas emoções. A facilidade de rotular problemas sem entender seus contextos leva a um empobrecimento da diversidade humana.
Banalizar e ridicularizar os transtornos é uma questão séria que não deve ser tratada como uma piada. Transformar condições de saúde em produtos para monetizar nas redes sociais é uma prática imoral e irresponsável. Existe uma vida inteira entre um check e um diagnóstico que precisa ser ouvida, e essa experiência não pode ser reduzida a alguns minutos de vídeo. É hora de refletir e buscar um entendimento mais profundo sobre saúde mental, ao invés de se deixar levar pela superficialidade das redes sociais.