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Filtro Ghibli: A IA Pode Criar Sem Limites, Mas E os Direitos Autorais?

2025-04-02

Autor: Gabriel

Nos dias de hoje, qualquer pessoa, mesmo aquelas que nunca desenharam mais do que um sol e uma árvore em um psicotécnico, pode se transformar em um artista, tudo com o toque de um botão. No entanto, a experiência de desenhar é, na verdade, um simulacro: o usuário apenas dá um comando genérico, enquanto a máquina toma todas as decisões artísticas.

Por um lado, ferramentas como essas podem ser vistas como uma explosão de criatividade. Por outro, é crucial entender como as leis estão se adaptando (ou não) a essa mudança radical no conceito de criação intelectual.

Direitos Autorais: Protegemos as Obras, Mas E o Estilo?

Um ponto central nesse debate jurídico é que, no Brasil e em muitos outros países, o estilo artístico em si não é protegido por direitos autorais; o que se busca proteger são as obras específicas. Isso significa que, teoricamente, ninguém pode reivindicar exclusividade sobre características como traços suaves, paletas de cores terrosas ou personagens de olhos grandes - elementos comuns em produções do Studio Ghibli.

Da mesma forma que não existe uma patente para a fórmula de romance das comédias românticas, que sempre apresentam um animal de estimação, um passeio no parque e uma corrida frenética até o aeroporto, o que a lei protege são os filmes em si, como "A Viagem de Chihiro" ou "Meu Amigo Totoro".

A Questão da IA e as Obras Preexistentes

Para que a IA reproduza com precisão o estilo do Studio Ghibli, ela precisa ter sido treinada com obras preexistentes, como frames de animações e ilustrações. O debate começou a ganhar corpo no Japão, onde a viabilidade de criar uma exceção nas leis de direitos autorais para permitir o uso das obras como treinamento para IAs está em análise. A questão é: esse uso comprometerá os trabalhos originais do estúdio? Algumas pessoas acreditam que a popularização das imagens ao estilo Ghibli pode, na verdade, aumentar a notoriedade do estúdio. Mas será que as leis devem aguardar para ver o impacto antes de decidir o que fazer?

Um Futuro Incerteiro

A disseminação de imagens no estilo Ghibli pode ser uma tendência passageira, mas está impulsionando discussões cruciais sobre o futuro da criatividade. Enquanto muitos celebram a democratização das ferramentas criativas, existem artistas e detentores de direitos autorais que alegam que o uso não autorizado para treinar IAs é, na verdade, uma violação encoberta sob o manto da inovação.

As respostas para essas questões podem demorar a surgir, e quanto menos refletirmos sobre o uso dessas ferramentas encantadoras, mais trocamos questões profundas por um prazer passageiro de participar da última tendência que bombará nas redes sociais. O que realmente está em jogo é a essência da criatividade e a proteção dos direitos de quem cria.