Fernanda Torres: Poliglota e Rainha do Cinema Nacional
2025-01-24
Autor: Julia
"Ainda Estou Aqui" é um filme que não apenas traz à tona os crimes não resolvidos da ditadura militar brasileira, mas também destaca a luta intensa de Eunice Paiva e o papel vital do cinema nacional. Agora, com o poliglota talento de Fernanda Torres, o filme atinge um novo patamar, servindo como um exemplo para o Brasil no que se refere à comunicação e ao diálogo internacional.
Se você acredita que aprender uma segunda língua é desnecessário, pense novamente: os americanos, comumente considerados como a nação mais rica do mundo, não precisam dominar outros idiomas, pois o inglês se tornou a língua franca global. Para se ter uma ideia, o Produto Interno Bruto (PIB) do Texas é maior do que o do Brasil inteiro. Portanto, enquanto o nosso país não alcançar esse mesmo nível de riqueza, ser monoglota não é uma opção inteligente. Durante minha estadia na China, observei que até as caixas de supermercado estavam estudando inglês; no gigante asiático, 5% da população é fluente no idioma, enquanto no Brasil esse número é alarmantemente baixo, de apenas 1%. Em contrapartida, na China, motivar os cidadãos a estudar idiomas é visto como um mérito.
Além das realização artísticas, Fernanda Torres também deixa uma marca impressionante como mãe. A educação que ela e Fernanda Montenegro proporcionaram à sua filha é digna de nota. A jovem Fernanda, ao contrário da maioria das elites econômicas que não investem em um aprendizado contínuo, superou desafios e aprimorou seu inglês, tornando-se fluente após atuar ao lado de Anthony Hopkins em 1991. Isso demonstra que aprender idiomas como adulto não é apenas uma tarefa difícil, mas uma verdadeira conquista.
Infelizmente, nas esferas econômicas e políticas do Brasil, o estudo de uma segunda língua ainda é raro. Nos últimos 20 anos, não tivemos um único presidente fluente em inglês. Tanto Michel Temer quanto Dilma Rousseff, apesar de suas origens elitizadas, não conseguiram alcançar essa habilidade. E os atuais políticos, mesmo aqueles em posições altas como Jorge Viana, presidente da Apex, cuja função exige que ele se comunique no exterior, também demonstram falta de compromisso com o aprendizado de idiomas.
Não é apenas os políticos, pois grande parte do empresariado brasileiro também apresenta dificuldades em se comunicar em inglês. Aqueles que vão a eventos internacionais muitas vezes ficam entre conterrâneos, em vez de tentar interagir e representar o Brasil como deveriam. A insatisfação com esse cenário é evidente, pois o Brasil poderia se beneficiar imensamente se esses líderes regionais e empresariais se comprometessem a aprender a língua.
E se a crítica ao consumo da cultura americana muitas vezes é comum no mundo artístico, é preciso reconhecer que o esforço feito por Fernanda, Selton Mello e outros para exportar a cultura nacional é notável. Eles estão se dedicando ao estilo operário da indústria cinematográfica americana, com lançamentos simultâneos e uma verdadeira maratona de marketing que rivaliza qualquer premiação por aqui. Como Fernanda declarou ao apresentador Jimmy Kimmel, “Vocês, americanos, são ótimos em vender sua cultura”, e é essencial que o Brasil também aprenda a fazer o mesmo com a sua.
A viagem pela carreira de Fernanda também me traz memórias nostálgicas. Recordo-me de quando era estudante de jornalismo em Santos e assisti à estreia de "Terra Estrangeira", que marcou um ponto significativo na minha vida e carreira. A atmosfera era única, com um cinema à beira da praia, onde a arte se encontrava com a vida cotidiana. Lembro-me de ter solicitado uma entrevista com atores do filme e a amabilidade de Fernanda e Laura Cardoso ao compartilharem seus conhecimentos comigo. Há muito tempo, aquela jovem já merecia o brilho que está agora conquistando, e o reconhecimento internacional não deveria ser apenas um sonho, mas uma realidade para o Brasil.