Fernanda Torres: A Campanha para o Oscar 2025 é uma "Loucura"
2024-11-03
Autor: Pedro
Desde que o filme 'Ainda Estou Aqui' teve sua estreia mundial no Festival de Veneza, em setembro, Fernanda Torres tem se deparado com o que sua mãe chama de "a glória e seu cortejo de horrores". Essa frase não só é o título do segundo romance da atriz carioca, como também descreve o frenético ciclo de promoção do longa dirigido por Walter Salles. O foco atual é garantir uma posição na lista preliminar de filmes internacionais que disputarão o Oscar, que será anunciado na segunda semana de dezembro.
A atriz compartilhou suas experiências em uma entrevista ao Estado de Minas, revelando: "Estou fazendo zigue-zague no Atlântico, realmente um negócio de maluco". Antes de viajar para mais uma rodada de entrevistas em Los Angeles, ela comentou o cenário desafiador da competição: "É uma loucura! Estou vivenciando na pele a glória e seu cortejo de horrores, mas é tudo parte do trabalho".
Baseado na obra de Marcelo Rubens Paiva, 'Ainda Estou Aqui' tem sua estreia marcada para o dia 7 de novembro no Brasil e busca ser indicado nas categorias de Melhor Filme, Direção, Filme Internacional, Montagem, Roteiro Adaptado e Melhor Atriz, entre outras, sonhando em igualar o histórico de Fernanda Montenegro, a única brasileira a ser indicada ao Oscar por sua atuação em 'Central do Brasil', em 1999.
Fernanda Torres revela as dificuldades que surgem nesse processo: "É exatamente como uma campanha política. Precisamos fazer o filme ser visto em todos os lugares – Estados Unidos, Europa, Brasil, até na Ásia, se possível". A pressão é real, com muitas horas de trabalho executivo e presença em eventos estratégicos para conquistar votos e visibilidade para a produção.
A trama aborda a vida de Eunice Paiva, a viúva do ex-deputado Rubens Paiva, que foi assassinado durante a ditadura militar brasileira. O filme não só revela os horrores do passado, mas também retrata a luta incansável de Eunice para saber a verdade sobre o destino do marido. "Foi uma mulher que implodiu por dentro", contou a atriz sobre sua inspiradora performance.
Trabalhando ao lado de Walter Salles, que não dirigia um longa de ficção no Brasil desde 2008, Fernanda admite que foi pega de surpresa ao receber o convite para o papel. "Quando ele me chamou para tomar um café, pensei que seria para discutir um roteiro. Nunca imaginei que seria para um papel tão desafiador". O processo de preparação foi intenso, envolvendo um mês de ensaios antes de começar as filmagens, que ocorreram em ordem cronológica, o que é raro no cinema.
As críticas a seu desempenho têm sido positivas, destacando a profundidade e a intensidade de sua atuação. A revista Variety classificou sua performance como "soberba" e o site IndieWire recomendou que todos assistissem ao filme para apreciar seu talento indiscutível.
O cineasta Walter Salles reforça a intenção de explorar a narrativa através da força sutil da atuação, sem melodramas excessivos: "É um filme de silêncios e lacunas", conclui a atriz. Entre risadas e reflexões, Fernanda Torres compartilha o peso de um passado que ainda ecoa na memória coletiva do Brasil, e a esperança de que seu papel como Eunice possa inspirar mudanças e reconciliações no presente.