Um evento macabro ocorreu nesta quarta-feira no leste do Afeganistão, onde um homem condenado por assassinato foi executado com três tiros em plena luz do dia, dentro de um estádio de futebol em Gardez, capital da província de Paktia. A execução, que atraiu a presença de milhares de espectadores, é a sexta realizada publicamente desde que o Talibã reassumiu o controle do país em 2021, conforme revelado por investigações da AFP.

O inusitado evento foi amplamente promovido pelo governo regional, que convocou a população através das redes sociais para "participar do evento", mostrando uma tentativa de reforçar a aplicação de suas leis sob a nova ordem. Entre os presentes estavam diversos ministros e autoridades provinciais, evidenciando o suporte estatal à execução.

A Suprema Corte do Afeganistão revelou que a ordem de execução foi assinada pelo líder do Talibã, Hibatullah Akhundzada, que governa oculto em sua fortaleza no sul do país, utilizando decretos e ordens para manter o controle. A decisão de matar o homem foi apoiada por múltiplas instâncias judiciais, as quais garantiram que o caso foi examinado de forma rigorosa e detalhada.

A família da vítima teve a oportunidade de conceder perdão, mas, após uma negativa, a execução foi realizada com base no princípio islâmico de "qisas", que é a lei de talião. Curiosamente, na execução, um membro masculino da família da vítima foi designado para disparar a arma, simbolizando uma forma de justiça familiar, ante a presença do público.

Esta brutalidade não é um caso isolado. Em fevereiro, outras três execuções públicas ocorreram na mesma semana, e antes disso, em dezembro de 2022 e junho de 2023, mais dois homens haviam sido executados com as mesmas acusações de homicídio. Esses atos estão se tornando cada vez mais frequentes, levantando preocupações sobre os direitos humanos e a aplicação da justiça no Afeganistão sob o regime talibã.

O que mais poderá acontecer em um país onde a violência e a execução pública estão se tornando normais? O mundo observa enquanto o Afeganistão se transforma em um campo de batalha entre justiça e barbárie.