
Exclusivo: FGC descarta risco sistêmico com a compra do Banco Master, mas desafios permanecem – Money Times
2025-03-31
Autor: Matheus
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) não vê um quadro de risco sistêmico mesmo diante da compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) por aproximadamente R$ 2 bilhões. Fontes afirmam que, embora o BRB tenha assumido parte das operações do Master, muitos problemas financeiros persistem.
Segundo dados do Valor Econômico, o Banco Master, dirigido por Daniel Vorcaro, representa 50% do passivo total do FGC, colocando uma pressão significativa nas finanças da entidade. Isso significa que, em um eventual colapso, o Master poderia comprometer metade da liquidez do FGC, colocando em risco a proteção oferecida a outros bancos e depositantes no Brasil, que atualmente conta com um patrimônio superior a R$ 120 bilhões.
A preocupação é que uma falência do Master poderia resultar em um aumento dos custos operacionais para os bancos, que, por sua vez, seriam repassados aos consumidores. A situação é alarmante, especialmente no contexto atual em que o sistema financeiro busca estabilidade após anos de turbulência econômica.
Embora a venda seja vista como uma tentativa de socorro ao Master, o fato de que o BRB é controlado pelo governo do Distrito Federal levanta questões sobre a eficácia da intervenção. Todos os envolvidos, incluindo o Banco Central, estão em esforços conjuntos para encontrar uma solução em um processo que pode ser complexo e demorado. O BC possui até 360 dias para avaliar a proposta apresentada.
Além disso, a compra do BRB não abrange cerca de R$ 23 bilhões em passivos do Banco Master, o que indica que a transação não resolve todos os problemas existentes. E, ao contrário de muitos bancos que se concentram em empréstimos ao varejo, 34% da carteira do Banco Master é composta por títulos de difícil avaliação, como precatórios, o que dificulta a viabilidade de sua operação.
Através de títulos de dívida com rendimento atrativo, como os CDBs turbinados a 140% do CDI, o Master tentava se financiar, mas a estratégia agora demonstra fragilidade. Em 2018, o patrimônio líquido do banco era de apenas R$ 30 milhões, uma cifra que cresceu interessantes 5 bilhões em 2024, com o objetivo de atingir R$ 10 bilhões até 2026.
O que é o FGC e qual sua importância?
O FGC, uma entidade privada sem fins lucrativos, protege os depósitos e investimentos dos brasileiros em casos de falências de instituições financeiras. Essa rede de proteção é vital para manutenção da confiança no sistema bancário, garantindo a devolução de até R$ 250 mil por CPF. Após a crise dos anos 90, o FGC foi criado para evitar novos colapsos e oferecer segurança aos investidores.
Recentemente, propostas para aumentar o limite de garantia de R$ 250 mil para R$ 1 milhão têm gerado debates acalorados no Congresso. Enquanto alguns defendem uma maior proteção aos depositantes, entidades do setor financeiro alertam que isso poderia comprometer a eficácia do próprio FGC e gerar insegurança no mercado. Atualmente, com o limite de R$ 250 mil, mais de 99% dos depósitos estão seguros.
É um momento crucial para o sistema financeiro brasileiro, e só o tempo dirá se as medidas adotadas serão suficientes para preservar a estabilidade e proteger os investidores.