Excesso de telas em crianças: perigo à vista ou convite ao autismo?
2025-01-11
Autor: Gabriel
As telas podem ser um veneno bem disfarçado, especialmente para o cérebro em formação das crianças. Nadia David Peres, uma médica de 45 anos, revelou como a rotina atribulada a fez buscar refúgio nas telas para entreter seu filho Breno, de apenas três anos. Breno passava em média seis horas por dia assistindo desenhos. "Era mais fácil deixá-lo assistindo ao celular ou tablet enquanto eu trabalhava. Ele ficava quietinho", relata Nadia.
No entanto, a situação tomou um rumo inesperado quando a escola de Breno enviou uma carta alertando sobre comportamentos que se assemelhavam aos sintomas do autismo. A mãe notou que ele não fazia contato visual, tinha episódios de agressividade, e até se recusava a comer. "Eu já percebia essas características, mas a carta me fez buscar ajuda profissional", diz ela.
Após uma consulta com uma neuropediatra, a realidade foi devastadora: o excesso de telas estava afetando o desenvolvimento do menino. "Quando começamos a cortar o uso de aparelhos, em questão de duas semanas, sua melhora foi absurda. Ele começou a interagir mais, deixou de agredir os colegas e agora come de tudo", conta uma aliviada Nadia.
A história de Nadia não é um caso isolado. A atriz Thaila Ayala compartilhou uma experiência semelhante em seu podcast, relatando que seu filho Francisco também apresentava comportamentos preocupantes, como falta de contato visual. Após cortar o uso de telas, Francisco demonstrou mudanças significativas em seu comportamento.
Mas o que os especialistas têm a dizer sobre essa relação entre telas e desenvolvimento infantil? Anderson Nitsche, neuropediatra, afirma que o núcleo central do autismo é a dificuldade de socialização e comportamentos repetitivos. O uso excessivo de telas pode agravar esses sintomas, limitando o aprendizado social da criança. "Quando o tempo de exposição é controlado, os comportamentos problemáticos tendem a diminuir", explica.
A psicóloga Mayra Gaiato lembra que o contato com telas não causa autismo, mas ele pode afetar habilidades essenciais. Estudos apontam que o uso excessivo de telas nos primeiros anos de vida pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais. "As telas geram um vicio em dopamina, afetando o controle emocional e a capacidade de interação social", alerta ela.
Pior ainda, muitos desenhos educativos que parecem inofensivos podem se tornar prejudiciais. As cores vibrantes e os sons chamativos tornam qualquer outro estímulo, como um brinquedo simples, menos atrativo para a criança.
E os dados são alarmantes! Um estudo da Universidade de Yamanashi no Japão revelou que a exposição prolongada a conteúdos audiovisuais durante o primeiro ano de vida está ligada ao diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos três anos.
As recomendações das principais organizações de saúde incluem limitar o tempo de tela, especialmente nos primeiros 18 meses de vida. O uso inteligente das telas pode ser benéfico, mas é crucial que as crianças aprendam a interagir com o mundo real, pois a interação social é fundamental para o desenvolvimento saudável.
Para garantir um tempo de tela mais equilibrado, especialistas sugerem que os pais sejam exemplos positivos e estabeleçam regras claras. O convívio familiar e atividades que não envolvam tecnologia são essenciais para desenvolver habilidades sociais e emocionais.
Mães como Nadia e Thaila estão começando a perceber que, ao limitar as telas, podem oferecer aos seus filhos oportunidades de aprendizado e socialização inestimáveis. Portanto, é essencial que pais e responsáveis estejam atentos aos sinais de comportamento e ao tempo que suas crianças passam em frente às telas. Afinal, cada clique pode ser uma oportunidade perdida.