Iwao Hakamada, de 88 anos, foi finalmente absolvido em um novo julgamento que revisou as circunstâncias da sua condenação. O ex-boxeador, que estava no corredor da morte há impressionantes 56 anos pela suposta participação em quatro assassinatos, viu sua vida mudar nesta quinta-feira (26) após a decisão do Tribunal Distrital de Shizuoka.

A absolvição de Hakamada é um marco na justiça japonesa, fazendo dele o quinto caso de uma condenação à morte revertida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O juiz Koshi Kunii declarou que a análise do caso revelou diversas falhas de evidências, confirmando que Iwao não era o culpado. As acusações contra ele surgiram após as mortes brutalmente a facadas do chefe dele, sua esposa e os dois filhos da família, cujo crime chocou o Japão em 1966.

Apesar de ter sido condenado à pena de morte em 1968, Hakamada nunca foi executado, principalmente devido a sucessivas apelações legais e novas evidências que questionavam a validade de sua condenação. A batalha judicial se arrastou por quase três décadas até que o Tribunal Superior do Japão negasse a primeira apelação, sendo a segunda tentativa de revisão apenas em 2008, feita por sua irmã. Finalmente, em 2023, após um novo conjunto de provas emergir, abriram-se as portas para um novo julgamento.

Hakamada foi libertado em 2014, já aos 83 anos, quando a investigação revelou que sua condenação poderia ter se baseado em provas forjadas. Desde então, ele foi autorizado a cumprir sua libertação em casa, devido à sua saúde debilitada. A saúde mental de Hakamada foi severamente impactada pelos anos em condições desumanas de detenção, sendo a maior parte do tempo em solitária.

O mais chocante sobre este caso é a revelação de que evidências cruciais foram manipuladas. O item mais relevante foram cinco peças de roupas supostamente manchadas de sangue que Hakamada teria usado no dia do crime. Essas roupas foram encontradas apenas um ano após sua prisão, levantando suspeitas sobre sua autenticidade. Testes científicos recentes afirmaram que, se uma peça de roupa é imersa em uma determinada substância por mais de um ano, as manchas de sangue ficam irreconhecíveis, sugerindo que as provas podem ter sido adulteradas e que ele esteve em uma situação clara de injustiça.

Esse caso não apenas revela falhas alarmantes no sistema de justiça penal japonês, mas também obriga uma reflexão sobre a moralidade da pena de morte em um mundo onde a injustiça pode prevalecer. Se os possíveis erros de condenação não forem revistos com atenção, quantas outras vidas podem estar sendo severamente afetadas por um sistema falho?

Iwao Hakamada agora se junta a sua irmã, Hideko Hakamada, que dedicou anos de sua vida na luta incansável por sua inocência. “Esse não é apenas um triunfo para Iwao, mas um grito por justiça para todos aqueles que foram injustamente acusados”, afirmou ela em uma declaração emocionante.

O apoio público para uma revisão das práticas da pena de morte no Japão está crescendo, especialmente após o atual caso de Hakamada. Com a justiça sob crescente escrutínio, muitos se perguntam: até quando o Japão continuará a permitir que esse tipo de erro aconteça sem responsabilidade? Prepare-se para mais desdobramentos neste caso que está moldando a história da justiça criminal no Japão.