EUA: Encruzilhada Existencial e o Fim de um Sonho Americano
2024-11-05
Autor: Mariana
Nas ruas e comunidades periféricas dos Estados Unidos, o clima é de revolta e ansiedade. Encontros com moradores revelam corações partidos e promessas não cumpridas, com muitos lidando diariamente com esperanças frustradas e sonhos apagados.
Em meio a essa tumultuada atmosfera, o debate sobre o clássico de Sinclair Lewis, "It Can't Happen Here" (Não pode acontecer aqui), voltou a ganhar força. Escrito nos anos 30, o livro retrata a possibilidade do fascismo instalando-se na América. Um século após sua publicação, essa leitura ressoa mais do que nunca, refletindo o medo de que a democracia americana esteja à beira de um colapso.
Historicamente, os EUA já enfrentaram grandes divisões e conseguiram se reerguer. No entanto, o atual cenário se mostra diferente. A mentira venceu, e a sociedade emerge desse processo eleitoral mais dividida do que nunca. Mesmo que Kamala Harris se torne a nova presidente, a ferida social provocada pelo ódio e pela desconfiança perdura.
Os cidadãos americanos escutam de líderes republicanos discursos que ecoam o autoritarismo e a xenofobia, frequentemente enredados em demagogia. Em resposta, os democratas tentam posicionar-se como os defensores da democracia, tentando atrair aqueles milhões de americanos que se sentem abandonados por este mesmo sistema político. Contudo, a dúvida permanece: eles confiarão novamente?
Quando se analisa qualquer índice de desenvolvimento social, fica evidente que a população americana enfrenta uma das piores situações entre as nações ricas. Cerca de 40 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, enquanto muitos outros se veem sem esperança de proporcionar uma vida digna para seus filhos.
A pobreza nos Estados Unidos é o resultado de decisões políticas falhas e não pela falta de recursos. A cena de um morador de rua em Nova York, buscando abrigo no calor que sai de uma saída de metrô, ilustra o desespero de muitos. Com a chegada do frio, a vida nas ruas se torna mais dura, e a possibilidade de participação nas eleições se apaga. A culpa por esse sofrimento não reside nas baixas temperaturas, mas em um sistema que falhou em proteger seus cidadãos.
Nas urnas, esse sistema enfrenta uma encruzilhada existencial. Um país inteiro se pergunta: por quanto tempo a hegemonia de uma nação que se autodenominava exportadora de sonhos e liberdade permanecerá intacta, enquanto apodrece o tecido social interno na maior crise de sua história moderna?