Nação

'Eu não tenho mais alma', desabafa pai de estudante de Medicina baleado por policiais em carta a Lula

2024-12-21

Autor: Matheus

Tragédia sem fim: estudante de Medicina morto pela PM em SP era MC e fez uma música sobre um amigo assassinato pela polícia.

O caso de Marco Aurélio, de apenas 22 anos, reflete um cenário alarmante sobre a violência policial em São Paulo. Ele estava prestes a se formar em Medicina pela Anhembi Morumbi quando a equipe policial o abordou durante uma ronda de rotina na madrugada de quarta-feira, após ele supostamente ter atingido a viatura. A desproporcionalidade na ação policial resultou em sua morte dentro de um hotel na Rua Cubatão.

Protestos por justiça e contra a violência policial marcaram São Paulo, especialmente após o crescente número de casos de abuso de força no estado, deixando a população alarmada e cheia de indignação.

Trinta dias após a fatalidade, o médico Julio Cesar Acosta Navarro, pai de Marco Aurélio e professor da Universidade de São Paulo (USP), enviou uma carta ao presidente Lula pedindo mudanças urgentes e o fim da violência policial. Em seu desabafo, ele compartilhou a dor devastadora pela perda do filho, evocando imagens do jovem clamando por ajuda em uma sala de emergência. "Hoje não tenho vida nem essência, nada. Um fantasma vale mais, porque ele tem alma e eu não mais", escreveu.

Julio Cesar revelou que, na noite da tragédia, tentou por diversas vezes obter informações dos policiais que atenderam a ocorrência, mas foi ignorado. Ele afirmou que os PMs pareciam em alerta constante, com as mãos em suas armas, como se ele representasse uma ameaça. O médico criticou duramente o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, apontando o histórico de violência do oficial e sua postura que, segundo ele, gera um ambiente que endossa tais tragédias.

Na carta, Julio Cesar também fez menção ao governador Tarcísio de Freitas, acusando-o de desdém pelo sofrimento das famílias atingidas pela violência policial e um aparente incentivo a mais assassinatos. O desespero e a angústia do pai ecoam em cada linha, revelando um clamor por justiça e por uma mudança significativa nas políticas de segurança pública.

"A violência contra pessoas pobres e aquelas com histórico de discriminação, como foi o caso do meu filho, é uma triste realidade que precisa ser abordada", destaca o médico, fazendo um apelo a todos os membros da sociedade.

Julio convida a reflexão sobre a necessidade de ações efetivas e mudanças que garantam não apenas a segurança da população, mas a justiça e dignidade de todas as vidas. Ele finaliza a carta pedindo socorro e apoio do Presidente para que outras famílias não enfrentem a mesma dor que ele viveu.

Este evento trágico levanta discussões necessárias sobre a abordagem da polícia em situações de vulnerabilidade social e a necessidade urgente de reformas profundas no sistema de segurança pública brasileiro.