Saúde

'Eu escolhi amputar minha perna e foi a melhor decisão que já tomei'

2024-12-27

Autor: Matheus

No coração de São Paulo, uma jovem luta com uma condição de saúde desafiadora. Victória Alvarenga, que nasceu com pé equinovaro, uma deformidade congênita que afeta a posição do pé e do tornozelo, foi diagnosticada com paralisia cerebral aos 17 anos. A descoberta abriu uma nova fase de sua vida, marcada por cirurgias e desafios.

Desde a infância, Victória enfrentou limitações físicas, mas nunca permitiu que isso a impedisse de viver plenamente. Criativa e determinada, ela buscava formas de se divertir, mesmo quando seus colegas de escola não a compreendiam completamente. O bullying não a desanimou; pelo contrário, ela se tornava ainda mais resiliente, ignorando comentários maldosos enquanto jogava bola com seus amigos, usando muletas.

A situação se agravou com a descoberta de um tumor benigno de desmoide em sua coxa, aos 20 anos. Com esse diagnóstico, a dor se tornou parte integrante de sua vida, tornando até mesmo as atividades mais simples, como sentar ou deitar, incrivelmente desconfortáveis. Victória se viu em um ciclo de cirurgias e tratamentos, lutando contra o tumor que crescia rapidamente.

Após inúmeras tentativas de tratamentos e mais de 20 cirurgias, ela enfrentou uma decisão crucial: amputar a perna do joelho para baixo. Em busca de um futuro sem dor constante, Victória dedicou-se a pesquisar sobre o procedimento, conversou com médicos e coletou apoio de familiares e amigos. Depois de um processo de decisão bem pensado, ela finalmente se sentiu pronta e fez a operação em agosto de 2022.

A cirurgia foi descrita por ela como a mais tranquila de sua vida. Em apenas três dias após a operação, já estava se movendo pelo hospital com muletas e se submetendo a sessões de fisioterapia. A recuperação rápida e o apoio da comunidade foram fundamentais. Ela cativou a todos ao mostrar que a amputação havia lhe dado uma nova vida, e desde então pôde se livrar das dores que tanto a afligiam.

"As coisas que eu adiava porque estava com dor não existem mais", disse Victória, jubilante. Finalmente, ela teve a liberdade de frequentar a academia e até experimentar a primeira sandália de salto de sua vida. Os laços familiares se fortaleceram à medida que seus entes queridos viam sua transformação.

Victória agora sonha com o futuro, ansiando em se tornar mãe e viver plenamente. Ela enfatiza que a amputação foi, sem dúvida, a melhor decisão que já tomou. Para especialistas como o cirurgião oncológico Samuel Alves, é crucial que a vontade do paciente prevaleça em decisões tão significativas. Segundo ele, a amputaçao deve ser respeitada como um desejo do paciente, e não uma imposição médica.

Atualmente, a sociedade ainda lida com estigmas em relação a portadores de deficiência, mas histórias como a de Victória são um lembrete poderoso de que a aceitação e o amor-próprio podem triunfar sobre qualquer desafio físico. Com seus planos ambiciosos pela frente, ela continua a ser uma fonte de inspiração para todos que a conhecem, mostrando que a vida é mais do que as limitações físicas que enfrentamos.