Estudo Polêmico Liga Exposição ao Flúor à Redução do QI em Crianças: O que Isso Significa?
2025-01-07
Autor: Fernanda
Um novo e polêmico estudo publicado na última segunda-feira (6) volta a colocar em xeque a segurança da fluoretação da água, ao revelar uma ligação alarmante entre níveis elevados de flúor e a diminuição do quociente intelectual (QI) em crianças.
O estudo, que apareceu na respeitada revista Journal of the American Medical Association (JAMA) Pediatrics, gerou reações controversas na comunidade científica. Críticos argumentam que as metodologias empregadas podem ter falhas e ressaltam os conhecidos benefícios do flúor para a saúde bucal, levantando questionamentos sobre a aplicabilidade dos resultados a contextos de fluoretação típicos nos Estados Unidos.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS) analisaram 74 estudos realizados em dez países, incluindo Canadá, China e Índia, sobre a exposição ao flúor e sua relação com o QI infantil. Em agosto, esses mesmos cientistas colaboraram na formulação de uma recomendação oficial do governo, sugerindo que há uma "confiança moderada" de que o aumento da exposição ao flúor possa estar associado a pontuações mais baixas de QI.
A equipe de pesquisa, liderada por Kyla Taylor, declarou à AFP que a nova análise identificou uma "associação estatisticamente significativa" entre a exposição ao flúor e a redução dos níveis de QI. Os dados sugerem que, para cada miligrama por litro de flúor detectado na urina (um indicador de exposição), o QI das crianças diminui em média 1,63 pontos.
Esse estudo surge em um contexto político relevante, com a iminente posse do presidente republicano Donald Trump, que nomeou Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento de Saúde — um crítico conhecido da fluoretação da água, que afeta mais de 200 milhões de americanos, ou quase dois terços da população dos Estados Unidos.
Embora a neurotoxicidade do flúor em altas doses seja bem documentada, a controvérsia se intensifica ao sugerir que exposições abaixo do limite de 1,5 miligrama por litro, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, poderiam ainda assim impactar negativamente o QI infantil. Um ponto crítico levantado é que o estudo não esclarece até que ponto essas baixas concentrações poderiam ser prejudiciais, gerando dúvidas sobre a necessidade de revisão do limite legal americano de 0,7 mg/L.
Steven Levy, membro do comitê nacional de fluoretação da Associação Dental Americana, apontou que 52 dos 74 estudos considerados na análise foram avaliados como de "baixa qualidade" pelos próprios autores. Segundo Levy, "quase todos os estudos foram conduzidos em contextos onde havia outros contaminantes que poderiam influenciar os resultados, como a poluição por carvão na China". Essa observação destaca a complexidade da pesquisa sobre os efeitos do flúor e a necessidade de uma análise mais aprofundada e cuidadosa dos dados.
Diante de tudo isso, é vital que pais e responsáveis continuem vigilantes em relação à qualidade da água consumida por suas crianças e acompanhem novos desenvolvimentos nessa questão de saúde pública polêmica, que pode ter implicações duradouras para a próxima geração.