
Estratégista-chefe que previu choque tarifário faz alerta: o pior ainda está por vir
2025-04-04
Autor: Lucas
Após a eleição nos EUA, quando Wall Street estava otimista com a administração de Donald Trump, Peter Berezin já fazia suas previsões alarmantes. Ele e a equipe da BCA, uma empresa de pesquisa, previram a implementação de tarifas unilaterais ampliadas e que as ações do novo governo ultrapassariam o que foi realizado no primeiro mandato de Trump. Com as recentes tensões tarifárias, o aviso de Berezin se provou premonitório.
Se considerarmos suas projeções futuras, as ações nos EUA podem não ter alcançado o fundo do poço. Berezin mantém a previsão de que o S&P 500 poderá cair para 4.450 pontos até o final do ano, o que representaria uma queda de quase 18% em comparação aos níveis atuais. Além disso, o preço do petróleo pode despencar para US$ 50 o barril devido a uma preocupante falta de demanda.
O estrategista afirma que uma recessão nos EUA é altamente provável, possivelmente já no segundo trimestre, e que a economia já mostrava sinais de vulnerabilidade no início do ano. Com uma quantidade reduzida de vagas disponíveis, a diminuição nas economias acumuladas durante a pandemia e um aumento nas inadimplências, a situação é alarmante. Segundo ele, a série de tarifas implementadas por Trump “empurra a economia para o limite”.
“Recessões tendem a ocorrer quando uma economia já é vulnerável e é golpeada por um choque externo”, afirmou Berezin. Ele estima que há 75% de chance de uma recessão nos EUA se materializar.
O início de 2023 foi marcado por um otimismo em Wall Street, com muitos investidores acreditando que as propostas de Trump para cortes de impostos poderiam compensar possíveis medidas protecionistas. Entretanto, com o aumento das tarifas sobre produtos importados, que incluem a maior taxa em quase um século para produtos de diversos países, este cenário otimista começou a se desfazer.
Com isso, economistas estão rapidamente revisando suas projeções para a economia dos EUA, com uma tendência de correção para baixo nas estimativas de crescimento e uma possível nova alta da inflação.
As ações das empresas na bolsa também reagiram negativamente: após o anúncio das tarifas, o S&P 500 sofreu uma queda de quase 5%, marcando a pior sessão desde 2022. Além disso, a implementação de tarifas poderia levar a represálias de outros países, que poderiam afetar diretamente empresas de tecnologia dos EUA e seu desempenho no mercado global.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA podem continuar altos, especialmente se o governo seguir adiante com cortes de impostos que não são financiados. Berezin observa uma dinâmica preocupante, onde a diminuição dos gastos dos consumidores alimenta um ciclo descendente que impacta o emprego e a economia em geral. "As pessoas estão preocupadas com suas perspectivas de emprego e isso se torna autorrealizável. Se não há consumo, não há contratações, e o ciclo se retroalimenta".
Portanto, o clima econômico para os próximos meses parece sombriamente incerto, e as previsões de Berezin revelam um futuro que pode trazer desafios severos para a economia global.