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'Estamos de olho na Argentina, é impossível ignorar o que Milei está fazendo', diz CEO do Nubank

2024-10-23

Autor: Fernanda

David Vélez, fundador e CEO global do Nubank, confirmou que a expansão para a Argentina está sendo considerada. Em um recente evento em São Paulo, ele respondeu a perguntas sobre essa potencial movimentação. "Sim, estamos olhando para a Argentina, é impossível ignorar o que [o presidente Javier] Milei está fazendo. É cedo para uma decisão, vamos observar o que acontece nos próximos 12 a 24 meses. A rapidez com que a situação está mudando é impressionante. Definitivamente, estamos curiosos sobre o que está ocorrendo lá."

Quando questionado sobre a possibilidade de expansão para os Estados Unidos, Vélez comentou sobre o grande potencial que os imigrantes latinos oferecem no mercado americano, destacando que muitos deles têm uma renda significativa e são frequentemente negligenciados pelo sistema financeiro tradicional. No entanto, ele enfatizou que esse não é o momento certo para essa expansão.

Ele destacou que ainda há espaço para crescimento na já impressionante base de 100 milhões de clientes do Nubank, mas reconheceu que se estabelecer entre os clientes de alta renda é um grande desafio. "Já somos o principal banco para mais de 60% dos nossos clientes, e nenhuma outra fintech global conseguiu alcançar isso. No segmento de alta renda, a concorrência é de peso, com instituições que possuem agências e private bankers – recursos que não temos. Entretanto, isso não significa que precisamos explorar esse segmento. Vamos focar em desenvolver mais produtos de investimento", disse ele, sinalizando outras estratégias em desenvolvimento.

Vélez também mencionou o lançamento recente do consignado INSS pelo Nubank, que já atrai um público com maior poder aquisitivo. Além disso, a instituição já possui uma base robusta de pequenas e médias empresas (PMEs) com renda elevada. "Estamos pavimentando o caminho para crescer nesse nicho de alta renda, mas é um processo que leva anos para se consolidar."

O CEO afastou rumores sobre uma possível aquisição de uma empresa de telecomunicação, embora reconheça que esse setor oferece uma vasta base de clientes. "Nos próximos cinco anos, o Nubank deverá diversificar ainda mais suas operações fora do setor financeiro, aumentando a receita por meio de tarifas e proporcionando uma proposta de valor aprimorada."

Referente ao escrutínio que o Nubank tem enfrentado sobre a qualidade de crédito e a inadimplência, Vélez afirmou que isso é um aspecto comum para instituições em rápido crescimento. "Somos um dos maiores emissores de cartões, e nosso crescimento acelerado no crédito naturalmente gera preocupações. O lado positivo é que construímos uma das infraestruturas de crédito mais sofisticadas do mundo", acrescentou, ressaltando que o Nubank provou sua capacidade de adaptação e crescimento, mesmo em circunstâncias macroeconômicas desafiadoras.