Estado fecha bloco cirúrgico de hospital e João XXIII enfrenta crise com mais de 200 cirurgias mensais
2025-01-08
Autor: Gabriel
A situação da saúde pública em Minas Gerais alcançou um novo patamar de crise com o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. O governo alegou que "os equipamentos estão em manutenção", mas essa decisão resultou na sobrecarga do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, que agora deve absorver 200 cirurgias mensais além dos já mais de mil atendimentos de urgência e emergência que realiza. O João XXIII é conhecido por tratar politraumatismos graves, como os decorrentes de acidentes de trânsito, e por seu papel crucial em desastres como a tragédia da BR-116, que provocou 41 mortes.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) está atenta a esta situação e enviou um ofício ao governo na última segunda-feira (6 de janeiro), pedindo esclarecimentos sobre os motivos do fechamento do bloco cirúrgico e a manutenção pretendida. A falta de resposta adequada leva a uma crescente indignação entre os servidores da saúde, que relatam que muitos pacientes estão enfrentando longas esperas para realizar suas cirurgias, o que pode agravar suas condições de saúde.
Um funcionário do HMAL, que pediu para não ser identificado, expressou sua preocupação: "Estamos vendo pacientes esperando até duas semanas por uma cirurgia, e isso é inaceitável. A transferência de todos os procedimentos para o João XXIII vai resultar em filas ainda maiores. Alguém vai precisar pago por essas falhas na gestão?". A sobrecarga no João XXIII tem gerado alarmes entre os clínicos, que temem que isso possa comprometer a capacidade do hospital de atender crises de maior gravidade no futuro.
Neuza Freitas, diretora executiva do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais, adverte: "O João XXIII não tem a estrutura necessária para lidar com essa demanda adicional sem prejudicar a qualidade dos atendimentos. Essa reestruturação está criando um verdadeiro colapso na saúde pública do estado." Enquanto isso, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) tenta minimizar o impacto, afirmando que as cirurgias realizadas no João XXIII são de baixa complexidade e que não houve prejuízo para os pacientes. No entanto, muitas vozes, incluindo as de médicos e enfermeiros, defendem que essa operação é insustentável.
Adicionalmente, o caos gerado pelo fechamento do bloco cirúrgico poderá ter repercussões diretas em casos de desastres em massa. O João XXIII atua como referência em situações emergenciais. Em casos como na ruptura da barragem de Brumadinho, sua capacidade de resposta foi determinante. Especialistas temem que a pressão adicional nas cirurgias rotineiras limite sua eficácia em uma situação crítica.
Os deputados Leleco Pimentel e Padre João, responsáveis por solicitar a apuração da situação ao Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, estão organizando uma audiência pública para discutir o tema. "A falta de planejamento e a má gestão estão colocando a saúde de Minas em risco. O que estamos vendo nos corredores do João XXIII agora é apenas uma fração do que pode se transformar em um desastre completo", conclui Pimentel. O próximo período será decisivo para avaliar o impacto dessa decisão na saúde pública do estado.