Um episódio polêmico ocorreu no último sábado (18/1) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Benedito, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Um médico, cuja identidade não foi divulgada, foi demitido após uma visita surpresa do prefeito Paulo Bigodinho (Partido Verde). O prefeito estava na unidade em resposta a várias reclamações de pacientes que enfrentavam longas filas e a falta de atendimento.

Durante sua visita, o prefeito se deparou com o médico deitado em uma beliche, usando o celular, enquanto o local estava lotado de pacientes aguardando atendimento. Isso gerou uma onda de indignação nas redes sociais e levantou questões sobre a ética e o comprometimento de profissionais da saúde.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de ajudar no atendimento geral, o médico, que trabalhava na UPA há quase um ano, afirmou que seu plantão era limitado à sala de urgência e que o acordo de trabalho não o obrigava a cobrir outras áreas da unidade. "Leva a mal não, mas eu vim pra dar plantão aqui na sala de urgência", justificou. Em resposta, o prefeito insistiu que a situação na UPA exigia uma colaboração extra e perguntou: "Enquanto tá pegando fogo lá fora, não pode ajudar? É melhor deixar pegar fogo?"

O médico, em defesa de sua posição, reiterou que seu compromisso era somente com a urgência e que sair dessa função poderia colocá-lo em uma situação desconfortável, assumindo responsabilidades que não eram dele. A fala do médico levantou debate sobre a organização e a gestão do atendimento nas UPAs da região, que frequentemente enfrentam superlotação e falta de recursos.

Frustrado com a negativa, o prefeito anunciou a demissão: “Então não tem jeito? Você pode ajudar hoje? Não pode? Então é seu último dia aqui”, afirmou. Ao deixar a sala, com um ar de descontentamento, o prefeito expressou sua determinação: "Santa Luzia agora tem que trabalhar. Se não for para trabalhar, não precisa vir. Esse aí já não vem mais. Hoje é o último dia dele aqui".

Esse incidente expôs a falta de profissionais disponíveis para atender a demanda em unidades de saúde, que é um problema crônico na região. A reportagem da nossa equipe procurou a Prefeitura de Santa Luzia para esclarecer os critérios de contratação e remuneração de médicos plantonistas, além de discutir sobre a crescente necessidade de reforço no atendimento geral das UPAs. No entanto, até o fechamento deste artigo, não houve retorno oficial da administração municipal.

Esse caso levanta questões importantes sobre a responsabilidade dos médicos em situações de emergência e a necessidade urgente de uma reavaliação da estrutura de atendimento nas unidades de saúde, que lutam para oferecer serviços adequados à população.