Ciência

Entrevista: quem foi o LUCA, o ancestral comum de toda a vida na Terra

2024-09-24

Você já parou para pensar de onde viemos? O LUCA, ou Último Ancestral Comum Universal, é a resposta que pode nos ajudar a entender a origem de toda a vida na Terra! Este ancestral mítico habitou nosso planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos e se destaca como o ponto de partida de todas as formas de vida conhecidas atualmente.

O LUCA não era apenas um ser unicelular comum. Ele tinha características genéticas que se manifestam em todas as formas de vida, desde plantas até bactérias. Para se ter uma ideia, a partir dele se ramificaram três domínios principais: bactérias, arqueias e eucariotos (o grupo que inclui os humanos). Mas como era a vida desse ancestral? O que ele tem a ver conosco?

Segundo especialistas, o LUCA já possuía um conjunto de reações bioquímicas rudimentares que compõem nosso metabolismo até hoje. Diferentemente de nós, o LUCA não era um organismo singular, mas sim uma coletividade: ele se alimentava de material genético do ambiente, quase como uma comissão de bactérias que trocavam informações com frequência! Essa dinâmica de troca contínua desmistifica a ideia de individualidade entre organismos microscópicos.

O livro "A Evolução é Fato", lançado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), traz detalhes sobre essa e outras descobertas fascinantes. Sob a coordenação do professor Carlos Frederico Martins Menck, da Universidade de São Paulo (USP), este manual apresenta conceitos sobre evolução em uma linguagem acessível e ilustrativa, ideal para quem quer entender mais sobre o tema.

Na coletiva com os pesquisadores, Menck destacou a importância da transferência genética horizontal, onde organismos vivos se beneficiam de material genético do ambiente, garantindo sua sobrevivência em condições adversas. Essa forma de adaptação se mantém em evidência até os dias de hoje, especialmente na luta de bactérias contra antibióticos.

Uma curiosidade instigante é que as cianobactérias, que se desenvolveram muito antes dos seres multicelulares, começaram a liberar oxigênio através de processos de fotossíntese, o que teve um impacto colossal na atmosfera terrestre e na evolução de organismos que precisavam do oxigênio para sobreviver.

Até mesmo o tempo de existência do LUCA é debatido por cientistas: o consenso é que ele viveu há cerca de 3,5 bilhões de anos, mas existem indícios que sugerem que formas de vida ainda mais antigas poderiam ter existido. Isso nos leva a uma reflexão profunda sobre a adaptação da vida a mudanças ambientais ao longo dos milênios.

O LUCA, portanto, não é apenas o nosso ancestral distante, mas também simboliza a complexidade e interconexão da vida na Terra. Diante de tantas descobertas, a pergunta que fica é: até onde pode ir nossa curiosidade em descobrir nossos próprios antepassados?