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Empresa Acusada de Espionar 1.400 Usuários do WhatsApp é Condenada nos EUA

2024-12-22

Autor: Gabriel

Recentemente, jornais internacionais divulgaram uma chocante evidência de que a empresa NSO Group foi condenada por infringir a privacidade de 1.400 usuários do WhatsApp. Essa condenação surge após um longo processo judicial iniciado em 2019 pela Meta (antigo Facebook), que acusa a NSO de ter invadido seus servidores para instalar o programa espião Pegasus, permitindo a violação da privacidade das vítimas.

O WhatsApp revelou que o Pegasus era instalado nos celulares das vítimas através de códigos maliciosos enviados pela NSO entre abril e maio de 2019, explorando uma vulnerabilidade durante chamadas de vídeo. O impacto deste ataque foi tão severo que a vítima não precisaria atender a chamada para que a invasão ocorresse, causando uma grande preocupação em relação à segurança digital.

A vulnerabilidade foi corrigida em maio de 2019, com o WhatsApp emitindo um alerta pedindo aos usuários que atualizassem o aplicativo. Porém, a situação se agravou em 2021, quando investigações apontaram que uma lista de 50.000 números de celular poderia ser de alvos potenciais do Pegasus, englobando jornalistas, ativistas, e até líderes de Estado, como o presidente francês Emmanuel Macron.

A magistrada Phyllis Hamilton, do tribunal de Oakland, na Califórnia, considerou a NSO culpada por hacking e quebra de contrato. Agora, o próximo passo será determinar os danos resultantes dessa espionagem ilegal. Esta decisão é vista como uma vitória não apenas para o WhatsApp, mas também para a proteção da privacidade dos usuários de tecnologia.

O presidente do WhatsApp, Will Cathcart, comemorou a condenação: "Consideramos isso uma vitória para a privacidade. Passamos cinco anos lutando contra essa violação e nosso objetivo sempre foi que empresas de espionagem não possam se esconder atrás de imunidades", disse em uma postagem nas redes sociais.

Por sua vez, John Scott-Railton, um pesquisador sênior do Citizen Lab, destacou que esta condenação tem grandes implicações para a indústria de espionagem. Ele afirmou que o NSO Group não pode escapar da responsabilidade pelas ações ilegais. A NSO, por seu lado, sempre negou as acusações, alegando que seu software é utilizado somente por governos para capturar terroristas e grandes criminosos, e que não possui acesso aos dados gerados a partir de suas ferramentas.

Além disso, a NSO Group enfrenta outra ação legal movida pela Apple, o que pode intensificar ainda mais os desafios legais que a empresa está enfrentando. O Pegasus, que ganhou infame notoriedade, também foi conhecido por supostamente invadir o celular do fundador da Amazon, Jeff Bezos, em 2020, insinuando uma trama intrigante que expõe a vulnerabilidade que até mesmo os CEOs mais poderosos podem ter.

E as evidências de que as práticas de espionagem estão mais difundidas do que se imaginava são alarmantes. A Anistia Internacional já havia chamado a atenção para os abusos cometidos contra jornalistas e ativistas, e um relatório do Citizen Lab de 2018 indicou que o programa foi utilizado em pelo menos 45 países, incluindo o Brasil. Como se não bastasse, a noiva do jornalista Jamal Khashoggi foi listada entre os possíveis alvos, revelando o impacto devastador que o uso indevido da tecnologia pode ter na vida das pessoas.

Esse caso coloca uma luz intensa sobre a necessidade urgente de regulamentação para proteger a privacidade de usuários em todo o mundo.