Saúde

Ela Sobreviveu a um AVC aos 30 Anos Após um Acidente de Wakeboard: 'A Dor Foi Alucinante'

2024-09-23

Campeã de superação, Giuliana Cavinato, aos 30 anos, teve sua vida virada de cabeça para baixo após um acidente enquanto praticava wakeboard em Ibiúna, SP, durante o Carnaval de 2016. O que deveria ser um dia de diversão com amigos se transformou em um pesadelo quando ela caiu na água e, devido ao impacto, sofreu um AVC.

Embora seja amplamente reconhecido que obesidade, diabetes e hipertensão são fatores de risco para um AVC, Giuliana não apresentava esses problemas. "O tombo foi brutal, bati a cabeça na água e a sensação foi de dor insuportável, como se a água tivesse virado pedra", recorda.

Após a queda, mesmo sentindo uma dor intensa, ela tentou continuar praticando o esporte, mas a situação piorou rapidamente. "Pensei que era apenas uma dor de cabeça causada pelo sol, não sabia que estava tendo um AVC", revela.

O impacto feriu uma de suas artérias carótidas, levando à formação de um coágulo que interrompeu a circulação sanguínea para o cérebro. Ela ficou sem resposta em metade do corpo e foi levada ao hospital, onde o tempo se tornou um inimigo letal.

"Levamos quatro horas e meia para que ela recebesse tratamento. Quando chegamos ao hospital, ela já estava em cirurgia para retirar o coágulo", conta Walda, mãe de Giuliana. Essa espera pode significar a perda de milhões de neurônios; cada minuto conta.

As sequelas do AVC foram severas: Giuliana ficou com o lado direito do corpo debilitado e enfrentou afasia, um distúrbio que tornava difícil até mesmo a comunicação básica. "Ela falava palavras desconexas, misturava idiomas e parecia distante da realidade", diz Walda, lembrando de momentos desesperadores.

Após um mês internada, Giuliana finalmente teve alta, mas foi surpreendida com a dificuldade de ler e compreender o que via. A frustração a acompanhou durante sua intensa recuperação, que incluía fisioterapia, fonoaudiologia e diversos tratamentos. "A rotina era exaustiva e meus esforços pareciam inúteis. Oito meses depois do AVC, eu ainda sentia dor e dificuldades motoras", lamenta.

Buscando uma nova perspectiva, a família decidiu seguir a orientação de um primo fisioterapeuta que sugeriu um tratamento na Itália. Lá, ela conheceu o método de reabilitação neurocognitiva de Carlo Perfetti, que prioriza a execução de exercícios de maneira integrada e simultânea, o que a ajudou a reconquistar a sensação em seu corpo.

"Na Itália, percebi que andava, mas não sentia meu pé no chão, era uma sensação estranha, como se estivesse usando uma perna de pau", relata. A mãe de Giuliana comemorou cada conquista, enquanto ela reconquistava gradualmente a autonomia. Passados oito anos, Giuliana voltou a ter a vida que desejava: mora sozinha, cozinha, dirige e se sente muito mais independente.

Inspirada por sua própria trajetória, a família fundou o Instituto Avencer, trazendo o método Perfetti para o Brasil. O instituto já atendeu mais de cem pacientes e ofereceu cerca de 10 mil sessões de atendimento. O objetivo é proporcionar a outras pessoas em situação similar a oportunidade de descobrir novas formas de reabilitação.

"O tratamento é individualizado e multidisciplinar, fundamental para quem teve um AVC. Não se trata apenas da recuperação física, mas da reintegração do paciente à vida social e profissional", explica Simone Freitas, fisioterapeuta e especialista em reabilitação neurofuncional. Além disso, o instituto explora técnicas inovadoras, como a terapia de contensão induzida e reabilitação virtual, ampliando as opções de tratamento.

Giuliana é um exemplo de coragem e resiliência, provando que é possível, mesmo após um AVC, encontrar novos caminhos para a recuperação e a felicidade. Sua história é uma verdadeira lição de vida que inspira outros a nunca desistirem, independentemente das dificuldades enfrentadas.