Saúde

Efeito sanfona: descubra por que as células de gordura 'lembram' da obesidade e como isso pode impactar sua vida!

2024-12-19

Autor: Fernanda

Você sabia que quem tenta emagrecer pode enfrentar um verdadeiro desafio a longo prazo? Um estudo fascinante conduzido no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, revela que as células de gordura possuem uma espécie de "memória" da obesidade. Laura Hinte, co-autora da pesquisa, enfatiza que esses pacientes podem precisar de tratamento contínuo para evitar o efeito sanfona após atingirem um peso saudável. "Não é culpa sua", afirma Hinte, destacando a importância de apoio durante esse processo.

Embora o efeito sanfona já fosse conhecido entre aqueles que passaram por cirurgia bariátrica, o estudo atual está abrindo as portas para um entendimento mais profundo do emagrecimento. Hyun Cheol Roh, especialista em epigenoma da Universidade de Indiana, declarou à revista Nature que os achados da pesquisa revelam os mecanismos que operam em nível molecular, um avanço nunca antes visto.

Uma das grandes questões ainda sem resposta é: por quanto tempo as células do nosso corpo "se lembram" da obesidade? Ferdinand von Meyenn, co-autor e pesquisador do ETH, sugere que pode existir uma janela de tempo após a qual essa "memória" se perde, mas isso ainda precisa ser definido.

Os cientistas analisaram amostras de tecido adiposo de indivíduos com obesidade severa e compararam com aquelas de pessoas que nunca foram obesas. A pesquisa revelou que certos genes estavam mais ativos nas células de gordura dos obesos, enquanto outros estavam menos ativos. Mesmo entre os que se submeteram a cirurgias bariátricas e perderam peso, dois anos após o procedimento, a atividade genética relacionada à obesidade ainda era perceptível. Isso se assemelha ao que foi observado em ratos que passaram por emagrecimento.

Os genes hiperativos nas células de gordura causam inflamações e fibroses. Paralelamente, os genes que ajudam as células adiposas a funcionar adequadamente estavam menos ativos nas pessoas e nos ratos obesos. Essa mudança no padrão de atividade genética nos roedores estava ligada a alterações no epigenoma, um fenômeno que "desliga" certos genes. Os pesquisadores notaram que após a perda de peso, os ratos ainda mantinham essa memória genética, mesmo que seus corpos estivessem mais magros.

De acordo com os dados, os adipócitos de ratos previamente obesos apresentavam uma maior capacidade de absorver açúcar e gordura em comparação aos ratos que sempre foram magros. Assim, mesmo após a perda de peso, os ex-obesos continuavam retendo mais dessas substâncias prejudiciais. Em um experimento onde ambos os grupos foram alimentados com uma dieta rica em gordura, os ex-obesos engordavam mais rapidamente.

É importante destacar que o estudo demonstrou que a predisposição para ganhar peso não é sempre herdada, mas pode ser influenciada por comportamentos e mudanças ambientais. A comunidade científica, no entanto, ainda debate sobre a relação de causa e efeito entre as alterações epigenéticas e as mudanças físicas observadas nos animais.

O bioloogico Evan Rosen, de Boston, observa que, embora essa lista de alterações epigenéticas seja valiosa, fornecer provas concretas de que essas modificações geram memórias celulares é um desafio. Apesar disso, os pesquisadores especulam que a memória da obesidade poderia perdurar por até dez anos, que é a vida média de um adipócito no corpo humano, embora essa suposição ainda necessite de confirmação.

As perspectivas para o futuro incluem a possibilidade de reprogramar células de gordura para tratamento da obesidade. Penny Ward, do Kings College de Londres, considera que as descobertas do estudo suíço podem abrir caminho para terapias que eliminem o efeito sanfona. "Ainda temos um longo caminho a percorrer para transformar essas observações em tratamentos eficazes", ressalta.

A pesquisa continua e a prevenção da obesidade se mostra fundamental. Ferdinand von Meyenn destaca que enquanto é possível manter um peso saudável, isso requer um esforço e energia significativos. Ele espera que os achados de sua equipe contribuam para diminuir o estigma associado à obesidade, trazendo mais compreensão e empatia para aqueles que lutam contra essa condição.