Em uma polêmica entrevista ao portal UOL, Dunga, o capitão do tetra e ex-técnico da seleção brasileira, não poupou críticas a Tite. Ele acusou seu sucessor de ter feito uma verdadeira "campanha" para assumir o comando da seleção em 2016, e ainda ironizou a preferência da mídia por treinadores estrangeiros, afirmando que, para ser reconhecido, basta ter um "passaporte europeu".

Dunga tirou proveito do contexto em que Tite assumiu, no meio de uma crise das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e com a seleção em situação complicada após a eliminação antecipada na Copa América Centenário. Ele foi demitido após uma derrota marcada por um polêmico gol de mão do peruano Ruidíaz, episódio que, segundo ele, foi decisivo para sua saída.

"A seleção é resultado. Esquece o que falam! Eu saí da seleção após perder para o Peru por um gol roubado, de mão. O jogo ficou 10 minutos parado e não havia VAR. Porque isso não foi revisado?" questionou Dunga, enfatizando como decisões erradas podem impactar a carreira de um treinador.

O ex-volante ainda se defendeu, afirmando que, em sua passagem pela seleção, ele enfrentou resistência interna e foi criticado, mesmo alcançando resultados que outros treinadores não conseguiram. "Na minha época, eu tinha todo mundo contra, e mesmo assim tive resultados. Outros tiveram tudo a favor e não ganharam como eu", declarou.

Quando questionado sobre a resistência que enfrentava, ele foi direto: "A imprensa não queria. Havia uma movimentação de muitos que queriam meu lugar, fazendo campanha para entrar na seleção. Era um verdadeiro teatro... Uma competição entre quem tinha o melhor 'story'."

Sobre a questão dos técnicos estrangeiros, sua crítica se intensificou. Dunga enfatizou que a busca por profissionais de fora é exagerada e ressaltou a necessidade de valorizar a capacidade dos treinadores brasileiros. "Hoje, para ser técnico no Brasil, você precisa: primeiro, ter estudado; e segundo, se tiver um passaporte europeu, você já é considerado um bom treinador. Terceiro, se for lá fora fazer um curso, melhor ainda!", ironizou.

"Precisamos olhar para os nossos talentos. Renato Gaúcho, Rogério Ceni e Cuca, por exemplo, já provaram que podemos ser campeões com treinadores brasileiros! Por que a mídia e os clubes continuam a insistir em importar técnicos?" questionou Dunga, pedindo uma reflexão sobre o legado que os ex-treinadores estrangeiros deveriam deixar no futebol nacional.

Ele expressou que não é contra a presença de estrangeiros, mas sim, a maneira como eles são tratados como salva-vidas da nossa crise futebolística: "Um treinador estrangeiro precisa fazer a diferença, mas temos que aprender a valorizar e aprender com nossos próprios profissionais também. Isso é essencial!"

Além disso, Dunga deixou claro que a responsabilidade pelos resultados da seleção não deve recair apenas sobre a figura do treinador. Ele afirmou que é preciso olhar também para a estrutura oferecida aos jogadores, como os centros de treinamentos, a saúde e a preparação física, e que isso impacta diretamente no desempenho da seleção em competições internacionais. Agora, ele aguarda ansiosamente os próximos jogos da seleção brasileira, desejando que a nova gestão saiba aproveitar o talento dos treinadores locais e que os jogadores façam a diferença em campo.