Ana Paula da Silva Souza, de 44 anos, vive um verdadeiro pesadelo após uma cirurgia realizada no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth. Ela foi vítima de um suposto erro médico que a deixou internada no Hospital Geral de Roraima (HGR), enfrentando sérias complicações de saúde.

A autônoma, que aguardava por dois anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar uma histerectomia devido a um mioma e um cisto de adenomiose, passou pela cirurgia em 4 de outubro e foi liberada no mesmo dia. No entanto, em casa, sua saúde começou a deteriorar. "Desde então, não consegui mais me recuperar; vivo com dores intensas e perdendo urina involuntariamente. Procurei o Pronto Atendimento Cosme e Silva várias vezes até ser internada novamente no dia 28", relatou Ana Paula, visivelmente abalada.

De volta à maternidade, a paciente foi informada que sua bexiga havia sido perfurada durante o procedimento cirúrgico. No entanto, não foram encontrados indícios de complicações em exames subsequentes. Devido à falta de urologista na unidade, Ana Paula foi transferida para o HGR.

"No HGR, o médico que me atendeu verificou o exame de ressonância e expressou preocupação com a gravidade do meu caso. Eu já estava a 15 dias utilizando sonda e fraldas. O cirurgião da maternidade não apareceu para me apoiar, mesmo sabendo da situação", desabafou Ana Paula.

O médico do HGR diagnosticou que o cirurgião da maternidade havia perfurado o ureter, um tubo responsável por conduzir a urina do rim à bexiga. Como resultado, Ana Paula estava tendo o funcionamento de apenas um rim, com urina até acumulada nos pulmões. Ela passou por uma nova cirurgia no HGR para corrigir os danos.

"Ela emagreceu muito e vive chorando. Temos uma bebê de 7 meses que está sob os cuidados da minha mãe. Ana Paula está sofrendo muito; antes, tinha uma vida ativa e agora está acamada há quase 20 dias com sonda. Ela se encontra em profunda depressão", relatou Amanda da Silva, esposa de Ana Paula, que com ela compartilha a vida há dois anos.

A família de Ana Paula registrou uma denúncia formal contra o médico da maternidade na ouvidoria da unidade, esperando que providências adequadas sejam tomadas.

Enquanto isso, a Secretaria de Saúde (Sesau) declarou, por meio de nota, que não há registro de erro médico ou complicações ocasionadas pela cirurgia. A Sesau confirmou, ainda, que vai acionar o Conselho de Ética Médica para os devidos encaminhamentos, apesar das reclamações da paciente.

"A equipe técnica do Hospital Materno Infantil revisou os prontuários da paciente e não encontrou indicações de erro. Exames de tomografia e ressonância magnética mostraram que os órgãos urinários se apresentavam normais", informou a Sesau, minimizando as alegações de Ana Paula.

As reiteradas denúncias sobre supostos erros médicos no sistema de saúde local levantam sérias questões sobre a qualidade do atendimento e a necessidade de reformas urgentes na área da saúde pública.