Donos de veículos destruídos por torcedores do Peñarol continuam sem apoio
2024-10-28
Autor: Carolina
Donos de veículos destruídos por torcedores do Peñarol continuam sem apoio
O carro de Marcelo, conhecido como Hiena na região, está abandonado e sem seguro. Ele vive na expectativa de apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Durante uma coletiva de imprensa na última quinta-feira (24), o secretário de Segurança, Victor Santos, afirmou estar "empenhado" em indenizar as vítimas, desde que elas comprovem seus prejuízos.
"Não recebi nenhum socorro, e a situação permanece a mesma; meu carro está lá, todo quebrado. Eu forrei para não entrar água. Escutamos que o secretário disse que vai indenizar, mas estou na expectativa, aguardando para ver o que vai acontecer. Não posso trabalhar com meu carro porque os vidros estão todos quebrados, tanto os dianteiros quanto os traseiros e laterais", desabafou Marcelo Barbosa.
Situação semelhante enfrentam Leandro Ribeiro, Natan Nunes e Peterson Ribeiro, que tiveram suas motos queimadas. Em conversa com o UOL neste domingo (27), o trio relatou as dificuldades. Natan e Peterson inicialmente receberam uma negativa de seus seguros, que alegaram não cobrir danos decorrentes de atos de vandalismo. Após essa negativa, os seguros abriram diálogo para resolver a situação, mas a incerteza permanece.
"O seguro não nos dá resposta sobre se irá pagar ou não. Algumas pessoas acham que ganhei uma moto nova, mas não ganhei nada. Influenciadores até entraram em contato para ajudar, mas até agora nada", afirmou Peterson.
Leandro enfrenta ainda mais dificuldades financeiras, pois não consegue pagar a franquia do seguro neste momento, e ressalta que a perspectiva é negativa.
No entanto, nem todos enfrentaram a mesma sorte. O apresentador Luciano Huck e o influenciador Caík Míssera ajudaram um motociclista e um quiosque atacado. Huck divulgou uma vaquinha para o 'Quiosque Estação 12', que arrecadou mais de R$ 72 mil. Caík Míssera doou motos novas para os dois motoqueiros que perderam suas motocicletas nos incidentes provocados pelos torcedores do Peñarol. A empresa Orla Rio também contribuiu, repondo mesas e cadeiras quebradas, além de equipamentos roubados, e a reforma será iniciada nesta segunda (28).
Os incidentes no Recreio se transformaram em uma verdadeira cena de guerra, com torcedores uruguaios saquendo quiosques, queimando motos e depredando veículos. A situação culminou em confrontos com banhistas e policiais, resultando na prisão de 283 pessoas, e um revólver foi encontrado em um dos ônibus dos torcedores.
Na audiência de custódia realizada na última sexta-feira (25), a Justiça converteu a prisão de 20 uruguaios em preventiva, enquanto um único torcedor foi liberado. Eles agora enfrentam acusações de porte de arma, racismo, roubo, associação criminosa, incêndio, dano qualificado, e resistência à prisão, além de responderem também por infrações ao Estatuto do Torcedor.
Os demais torcedores detidos – cerca de 260 – foram escoltados até a fronteira do Rio de Janeiro no mesmo dia e também responderão por infrações ao Estatuto do Torcedor.
O clube Peñarol divulgou uma nota culpando as autoridades brasileiras pela situação e contratou advogados para defender os torcedores que estão presos no Brasil. O que nos leva a perguntar: qual será o futuro dessas vítimas e como será a resposta do governo em situações semelhante no Brasil?