Dólar em alta após leilão; Bolsa se recupera com declarações de Haddad
2024-11-13
Autor: Julia
Resumo
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou praticamente estável nesta quarta-feira (13), com o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, registrando um leve aumento de 0,03%, finalizando o dia aos 127.733 pontos. A virada ocorreu após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentar sobre o impacto fiscal de um novo pacote de medidas econômicas por volta das 16h, afirmando que será "expressivo" e que o objetivo é garantir que as rubricas do Orçamento se adequem às regras de crescimento de despesas estabelecidas pelo arcabouço fiscal.
O dólar e a pressão do mercado
Por outro lado, o dólar encerrou o dia em alta, valorizando-se em 0,36% e sendo negociado a R$ 5,79. O dólar turismo também apresentou alta, subindo 0,65% e alcançando R$ 6,030. Essa valorização da moeda americana não foi atenuada pelo leilão de dólares realizado pelo Banco Central, onde foram vendidos US$ 4 bilhões.
O que está por trás dessa situação?
O leilão ocorreu na parte da tarde e, apesar do volume significativo, não teve força para diminuir a pressão sobre o real, principalmente porque a recompra dos dólares vendidos já era garantida. "A venda é temporária e o Banco Central volta a comprar esses dólares posteriormente", explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas. Esse movimento evidencia que o mercado está cético em relação à estabilidade econômica, impulsionado pela incerteza fiscal e pela expectativa sobre as próximas ações do governo americano, que entra em uma nova administração em 20 de janeiro de 2024.
Preocupações inflacionárias
Além disso, há a preocupação crescente com a inflação, especialmente com propostas de tarifas de comércio e ações relacionadas à imigração nos EUA, que podem impactar o cenário econômico. Já no Brasil, as expectativas inflacionárias também seguem elevadas, especialmente após um crescimento de 1% no volume de serviços prestados em setembro, conforme dados do IBGE. Esse crescimento pode ser visto como um sinal de aquecimento econômico, mas também alimenta preocupações sobre aumento do consumo e, consequentemente, da inflação, o que tende a afastar investidores da Bolsa.
E o futuro dos cortes de gastos?
Fernando Haddad também abordou a questão dos cortes de gastos, ressaltando que ainda não há um cronograma definido para o anúncio dessas medidas, que será feito após a autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a conversa com jornalistas, ele enfatizou que o pacote de cortes será crucial para alinhar as contas públicas e reafirmar o compromisso do governo com a disciplina fiscal.
Arcabouço fiscal e crescimento de gastos
O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, permite que os gastos primários do governo federal cresçam no máximo 2,5% acima da inflação por ano, respeitando um limite de até 70% de aumento em relação às receitas. Haddad também comentou que já discutiu as diretrizes para essas medidas com o presidente da Câmara, Arthur Lira, assim como com representantes do Ministério da Defesa, sinalizando um diálogo ativo entre os poderes para avançar com as propostas.