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Dólar despenca para R$ 5,94: Qual o impacto de Donald Trump nessa baixa?

2025-01-22

Autor: Matheus

O dólar fechou a quarta-feira em um forte declínio, cotado a R$ 5,94, abaixo do patamar de R$ 6,00 pela primeira vez desde dezembro de 2022. O movimento reflete a eliminação de prêmios de risco do mercado e a ativação de ordens de stop loss, na expectativa de que o novo governo dos EUA adotará uma postura mais moderada em relação às tarifas sobre produtos estrangeiros.

Esta queda é atribuída à ausência de ações contundentes por parte de Donald Trump, o que é visto como um sinal positivo pelos analistas. Na mínima do dia, a moeda chegou a ser negociada a R$ 5,915.

Em janeiro, o dólar acumula uma perda de 3,77%, e às 17h06 na B3, o contrato de dólar para fevereiro, que é o mais líquido, apresentava uma queda de 1,37%, cotado a R$ 5,9540.

Apesar das promessas de tarifas, Trump se limitou a direcionar as agências federais a investigar déficits comerciais e práticas comerciais injustas, sem tomar medidas drásticas até o momento. Essa abordagem cautelosa ajudou a acalmar os mercados e a reduzir temores de um confronto comercial direto com o Brasil.

O especialista Alan Martins, da Nova Futura Investimentos, acredita que a continuidade da queda do dólar em relação ao real, pelo terceiro dia consecutivo, deve-se à postura mais lenta e gradual do presidente americano, o que favorece investidores estrangeiros que têm aumentado suas posições vendidas em dólar.

A analista Alison Correia, da Dom Investimentos, afirma que o contexto econômico positivo nos EUA é um fator que contribui para a queda. Ela ressalta que, devido à falta de anúncios significativos após a posse de Trump, o cenário geral tem sido visto de forma otimista.

Além do real, outras moedas da região, como o peso mexicano e o peso colombiano, também estão se valorizando, demonstrando uma tendência de desvalorização global do dólar. Essa valorização também se reflete nas taxas de juros.

No entanto, para que a cotação do dólar permaneça abaixo de R$ 6,00, Alison aponta que alguns fatores domésticos são essenciais. Um sinal de confiabilidade por parte do Congresso, como o que foi demonstrado por Fernando Haddad ao elencar 25 prioridades para a agenda econômica até 2026, será crucial. A ausência de Haddad no Fórum Econômico de Davos foi interpretada como um possível sinal de fragilidade nas comunicações do governo.

"O governo precisa melhorar sua comunicação e ser mais claro em relação às políticas fiscais para mitigar incertezas que podem gerar inflação e possíveis aumentos das taxas de juros", alerta Alison. Ele destaca que as propostas apresentadas, como o fortalecimento do arcabouço fiscal e reformas importantes, são passos na direção certa, mas a eficácia depende da execução e do acompanhamento por parte do governo.