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Dólar despenca 1,5%, cotado a R$ 5,78, após declarações de Haddad e desmonte do "Trump trade"

2024-11-04

Autor: Pedro

Após se aproximar da marca de R$ 5,90 na sessão anterior, o dólar passou por um recuo expressivo de mais de 1% em relação ao real nesta segunda-feira, fechando abaixo de R$ 5,80. O movimento de queda foi impulsionado por indícios de que o governo Lula deve anunciar medidas de contenção de gastos ainda nesta semana, além do fortalecimento do real frente à moeda americana, que também apresentava queda em todo o mundo, na véspera das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

No início do dia, a moeda americana já mostrava um desempenho negativo, revertendo os expressivos ganhos da sessão anterior, onde a moeda fechou no maior patamar em quase 4 anos e meio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez declarações otimistas, afirmando que as iniciativas de contenção de gastos públicos estão “muito avançadas” do ponto de vista técnico e que um anúncio pode ocorrer a qualquer momento.

O fechamento do dólar à vista foi de R$ 5,7833, refletindo uma queda de 1,48%. No entanto, é importante notar que, ao longo do ano, a divisa ainda acumula uma alta de 19,20%.

Às 17h03, no ambiente da B3, o contrato futuro de dólar também registrava uma queda, de 1,69%, cotado a R$ 5,7930 na venda.

No que diz respeito ao mercado, a decisão do ministro Haddad de cancelar sua viagem à Europa, optando por se dedicar a assuntos internos, foi bem recebida pelos investidores. A expectativa de que Haddad permaneceria em Brasília, focando no ajuste fiscal, passou a ser vista como um sinal positivo pelo mercado financeiro.

Os investidores se mostraram ainda mais otimistas após o ministro destacar que as discussões sobre as medidas fiscais estão “adiantadas”, prometendo uma reunião sobre o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no mesmo dia. Haddad deixou o Ministério da Fazenda e seguiu para o Planalto no meio da tarde, gerando ainda mais expectativas sobre os anúncios.

Outro fator que contribuiu para o alívio no mercado de câmbio foi a dinâmica eleitoral nos EUA. Pesquisas apontam a candidata democrata Kamala Harris com 47% das intenções de voto em Iowa, um estado tradicionalmente republicano, contra 44% de Donald Trump. Esse movimento permitiu que operadores realizassem ajustes em suas posições, desaplicando o que havia sido precificado em relação a uma vitória de Trump.

Além disso, a alta dos preços do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional, itens cruciais para as exportações brasileiras, ajudaram a fortalecer ainda mais o real.

Às 17h09, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis outras divisas, caiu 0,06%, atingindo 103,880. Durante o dia, o dólar atingiu uma cotação máxima de R$ 5,8387 antes de tocar a mínima de R$ 5,7562, refletindo a volatilidade do mercado.

De acordo com o relatório Focus do Banco Central, as projeções de mercado para a cotação do dólar no final de 2024 aumentaram de R$ 5,45 para R$ 5,50. Também foram atualizadas as previsões de inflação, subindo de 4,55% para 4,59% para este ano, e de 4,00% para 4,03% para o próximo, ambos acima da meta de inflação de 3%.

No fim da manhã, o Banco Central vendeu 14.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para rolagem de vencimentos programados para 2 de dezembro de 2024. O mercado segue atento às próximas movimentações e anúncios do governo, que poderão impactar diretamente a trajetória do dólar e a economia brasileira. Prepare-se, pois a volatilidade pode ser grande e oportunidades de investimento podem surgir a qualquer momento!