A Crise Climática e as Comunidades Pesqueiras

As comunidades pesqueiras tradicionais do Brasil, que dependem profundamente do mar e de seus ciclos, estão enfrentando desafios sem precedentes devido à crise climática. Essas populações, assim como os indígenas e os quilombolas, são as mais impactadas por mudanças que, a princípio, parecem ser geográficas, mas que têm raízes na desigualdade social.

Impactos Desoladores das Novas Ocupaçõe

O recente relatório revela que ocupações em áreas naturais — muitas vezes consideradas desertas, como a instalação de usinas eólicas offshore e a construção de condomínios em manguezais e dunas — estão trazendo consequências devastadoras. A redução da quantidade e da diversidade dos peixes é um dos efeitos mais alarmantes, comprometendo o sustento de inúmeras famílias que dependem da pesca.

Setor Privado em Vantagem

Enquanto isso, o setor privado parece navegar sem dificuldades pelas exigências ambientais. Estudos de impacto ambiental falham em capturar os reais efeitos das obras e ignoram as vozes das comunidades locais, enquanto os moradores, por sua vez, enfrentam barreiras de acesso a políticas públicas essenciais.

Registro Geral da Pesca: Uma Necessidade Ignorada

O Registro Geral da Pesca (RGP), crucial para o cadastro de pescadores, ficou por anos em um impasse até recentemente ser retomado. Sem esse registro, centenas de milhares de pescadores foram excluídos de benefícios como crédito, aposentadoria e políticas de segurança alimentar, criando uma situação de vulnerabilidade que levará anos para se regularizar.

Mulheres Invisíveis na Pesca Artesanal

O relatório também destaca a invisibilidade das mulheres na pesca artesanal. Presentes em todas as etapas da cadeia produtiva, elas desempenham papéis vitais — desde a captura até a venda do pescado, além de cuidar da casa e da comunidade. Apesar de sua importância, continuam sendo negligenciadas nas políticas públicas.

Resistência em Tempos Difíceis

Entretanto, uma luz brilha na escuridão: a resistência. Desde as marisqueiras do Norte e Nordeste até os caiçaras do Sudeste e Sul, há um movimento crescente de organização, denúncia e mobilização. Há aqueles que lutam para manter a vida no mar, mesmo quando tudo parece se colocar contra eles. A luta por justiça social e ambiental continua, mostrando que, apesar das adversidades, sempre haverá vozes que ecoarão nas ondas do oceano.