Saúde

'Desejo cura tudo': Idosos modernos reivindicam uma nova forma de envelhecer que integra sexualidade ativa

2025-01-19

Autor: Carolina

A sexualidade na terceira idade está passando por uma revolução silenciosa e significativa. Conforme afirmam especialistas, a noção de ‘sexy’ deve ser redefinida: não deve estar restrita à juventude ou à aparência física, mas sim à autenticidade, confiança e satisfação. ‘A promoção de uma atitude positiva em relação ao sexo ao longo da vida pode chocar algumas normas culturais tradicionais, mas os benefícios para a saúde pública são inegáveis’, comentam os estudiosos envolvidos.

Apesar do tabu em torno do assunto, a verdade é que muitos idosos continuam a levar uma vida sexual ativa, mas de forma discreta. Isso ocorre, em parte, pelo medo do estigma que ainda existe, seja nos lares de idosos ou pela desaprovação de familiares que não aceitam que seus avós mantenham relacionamentos íntimos na velhice.

Um estudo realizado na Suécia em 2020, o ‘Estudo Transversal Sueco sobre Atividade Sexual e Satisfação entre Idosos com mais de 60 anos’, revelou que 46% dos entrevistados nessa faixa etária são sexualmente ativos, com os homens se destacando (55%) em relação às mulheres (40%). Curiosamente, aqueles com mais de 90 anos ainda mantêm alguma atividade sexual, com 10% afirmando que continuam a se envolver sexualmente.

Pesquisas feitas em conjunto entre Noruega, Dinamarca, Bélgica e Portugal também ressaltam a ligação entre a atividade sexual e a saúde física e mental, sugerindo que um desejo ativo pode ser um indicativo de um envelhecimento saudável.

Infelizmente, muitos médicos ainda evitam conversar abertamente sobre a vida sexual de seus pacientes mais velhos, mas esse cenário está mudando. Santiago Frago, especialista em sexologia, aponta que a busca por consultas entre idosos tem aumentado, com muitos se sentindo mais confortáveis para discutir questões relacionadas à sexualidade. "Hoje, muitos idosos gozam de boa saúde e não se sentem mais obrigados a dedicar suas vidas apenas à família", explica.

Os encontros sobre sexualidade e envelhecimento, como o promovido pela Federação Espanhola de Sociedades de Sexologia (FESS), mostram que a nova geração de idosos deseja um reconhecimento de sua sexualidade, reivindicando essa nova fase da vida sem restrições. Marina, de 63 anos, é uma voz nessa nova era, afirmando que está vivendo o melhor momento sexual de sua vida, e que o desejo é uma força curativa poderosa.

Os especialistas discutem também a diferença na forma como homens e mulheres enfrentam a sexualidade na maturidade. Enquanto as mulheres geralmente se sentem mais empoderadas e à vontade para expressar seus desejos, muitos homens se sentem vulneráveis e inseguros, especialmente ao deixar de lado os papéis tradicionais como provedores. Essa vulnerabilidade pode gerar isolamento e dificuldades em expressar sentimentos e problemas de saúde sexual.

Obviamente, as dificuldades como a insegurança sexual em encontros ou a secura vaginal são comuns, mas existem soluções, tratamentos e abordagens que podem ajudar a aliviar esses problemas. Além disso, muitos especialistas enfatizam que o desejo e a excitação podem ser grandes aliados na redescoberta da vida sexual nesta fase da vida.

A mensagem é clara: a vida sexual dos idosos não precisa ter um 'prazo de validade'. Para aqueles dispostos a participar dessa revolução sexual, é fundamental cuidar do relacionamento e manter a chama do desejo acesa. O amor e a sexualidade devem ser celebrados em qualquer idade, trazendo alegria e conexão mesmo na maturidade.