Resistência Microscópica

Os tardígrados, ou "ursos d'água", são famosos por sua incrível resistência. Cientistas descobriram que a estratégia de sobrevivência desses pequenos seres é surpreendentemente simples, mas extremamente eficaz: eles retraem suas oito patas e cabeça, permitindo que o corpo se desidrate.

Esse processo faz com que os tardígrados se encolham a ponto de se tornarem uma pequena bola, entrando em um estado de animação suspensa que se assemelha à morte. Durante essa fase, seu metabolismo diminui para apenas 0,01% da taxa normal, tornando-os praticamente imortais em condições extremas.

Modo de Locomoção

Uma pesquisa de 2021 liderada pela cientista Jasmine Nirody, da Universidade Rockefeller, revelou como esses organismos se movimentam. Eles distribuem o esforço entre suas seis patas dianteiras, usando as duas traseiras para se impulsionar. Quando se deslocam lentamente, levantam uma pata de cada vez, mas, para ganhar velocidade, utilizam três patas simultaneamente.

Essa forma de movimento assemelha-se à de outros invertebrados do filo dos artrópodes, mas a origem desse padrão de locomoção entre tardígrados e insetos maiores ainda é um mistério entre os cientistas.

Brilho no Escuro!

Das 1.300 espécies conhecidas de tardígrados, uma nova descoberta revelada em 2020 mostrou que a espécie **Paramacrobiotus BLR** emite um intenso brilho azul quando exposta à radiação ultravioleta. Esses pequenos seres conseguem absorver a radiação letal e convertê-la em uma luz azul inofensiva, representando a primeira evidência experimental de que molécculas fluorescentes podem proteger animais de raios prejudiciais.

A Ameaça do Aquecimento Global

Ainda que sejam sobreviventes notáveis, os tardígrados enfrentam uma grande ameaça: o aquecimento global. Pesquisadores da Universidade de Copenhague descobriram que o principal problema não é apenas o aumento da temperatura da água, mas sim o tempo de exposição a essas temperaturas extremas.

No estudo, apenas 50% das espécies metabolicamente ativas conseguiram sobreviver a temperaturas de 37,1°C por 24 horas sem aclimatação. Entretanto, aquelas que já haviam se aclimatado sobreviveram em maior quantidade. Curiosamente, quando desidratados, os tardígrados podem suportar temperaturas de até 60°C!

Sexo Selvagem?

Outra descoberta intrigante sobre os tardígrados é seu comportamento reprodutivo. Em uma observação realizada pelo pesquisador James Weiss, foi notado que dois tardígrados menores (provavelmente machos) se mostraram atraídos pelo ventre de uma fêmea maior por mais de 20 minutos. Essa interação peculiar sugere que a fêmea poderia estar liberando sinais químicos por meio de seus dejetos, atraindo assim os machos.

Esse comportamento revela uma faceta fascinante e provavelmente crucial da reprodução dos tardígrados, que poderia envolver sinais químicos complexos na água.

Conclusão

Os tardígrados são uma prova viva de resistência na natureza, desafiando as condições extremas nas quais outros seres não conseguiriam sobreviver. Sua habilidade de entrar em animação suspensa, brilhar no escuro, e até mesmo seu comportamento reprodutivo intrigante, tornam esses pequenos seres ainda mais fascinantes! A proteção contra a radiação e a adaptação a temperaturas extremas podem ser apenas o começo das descobertas sobre esses incríveis micro-animais.