Descubra como os audiobooks podem transformar a vida de quem tem TDAH!
2024-11-12
Autor: Julia
Felipe Chaves, um estudante de 18 anos diagnosticado com TDAH (Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade), sempre enfrentou dificuldades severas na leitura. A sua trajetória escolar foi marcada pela frustração, exigindo inúmeras releituras de parágrafos e resultando em insatisfação com seu desempenho acadêmico. No entanto, uma descoberta recente mudou sua forma de aprender: os audiobooks.
Especialistas afirmam que os audiobooks, que são livros narrados em formato de áudio, oferecem uma alternativa poderosa para aqueles que enfrentam desafios de concentração e retenção de informações. De acordo com a psiquiatra Fabrícia Signorelli, do ambulatório de TDAH adulto da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), muitos diagnosticados com o transtorno apresentam dificuldades de leitura, embora isso não seja uma regra absoluta. Ela ressalta que ouvir o conteúdo pode ser mais acessível para uma melhor compreensão.
"A leitura é uma parte integral da vida, empregada para lazer, estudo ou trabalho. Nesse cenário, os audiobooks se mostram como uma solução viável que traz benefícios significativos", explica a psiquiatra.
Os audiobooks podem atenuar a pressão associada à leitura, reduzindo a sobrecarga mental geralmente sentida durante essa atividade. Segundo Signorelli, várias áreas do cérebro são ativadas quando os ouvintes se concentram na narração de um livro.
Felipe, que recebeu o diagnóstico em 2015, lembra que enfrentava dificuldades tanto em leituras recreativas quanto acadêmicas. "Era comum eu ler uma página e, ao terminar, perceber que não havia prestado atenção em nada", relata.
Ele afirma que ouvir audiobooks enquanto lê o texto ajuda a manter a concentração. "Já passei uma semana no mesmo capítulo de um livro físico, mas ao começar a ouvir, tudo se tornou mais simples e fluido."
Livros de autores como José Saramago, conhecidos por suas narrativas desafiadoras e sem pontuação, se tornaram mais acessíveis para Felipe por meio das entonações que acompanham as histórias nos audiobooks.
Felipe também começou a se aventurar em audiobooks de material religioso, que apresentam uma linguagem mais complexa. "Quando a linguagem é mais difícil, ter alguém lendo faz toda a diferença para a compreensão."
No Ensino Superior, Felipe não depende tanto dos audiobooks, mas mantém o hábito de "ouvir" dois livros por mês por prazer.
A dificuldade de leitura em pessoas com TDAH está relacionada à incapacidade de manter a atenção em tarefas que exigem foco visual e esforço cognitivo. O neuropsicólogo Rodrigo Maciel explica que os audiobooks tornam a leitura mais dinâmica, permitindo que o usuário ajuste a velocidade da narração conforme sua necessidade.
Segundo a pesquisa, cerca de 11 milhões de brasileiros são afetados pelo TDAH, que geralmente se manifesta na infância, mas o diagnóstico pode ocorrer só na fase adulta.
A diretora audiovisual Thaise Aglaer, diagnosticada na infância, compartilha que a leitura em voz alta durante as aulas sempre foi um dos seus maiores desafios. "Era embaraçoso, eu lia um trecho e logo esquecia o conteúdo. Com isso, acabei me afastando dos livros."
Recentemente, ao ouvir uma professora comentar sobre a utilidade dos audiobooks para pessoas com deficiência visual, ela decidiu experimentar. "Este ano, pela primeira vez, pude ler um livro sem todo o estresse habitual. Fiquei muito feliz por conseguir acompanhar com o áudio!"
Para crianças, os audiobooks também são uma excelente opção. Profissionais afirmam que este formato pode aumentar o engajamento de crianças diagnosticadas com TDAH, com versões que incluem diferentes entonações para personagens e até trilhas sonoras.
Existem muitos recursos disponíveis, com audiobooks gratuitos na internet e opções pagas em plataformas como a Amazon e serviços de assinatura como Audible, Skeelo e Tocalivros.
Saiba mais sobre o TDAH:
O transtorno tem raízes genéticas e pode ser influenciado por fatores ambientais, como estresse ou exposição a substâncias durante a gestação. Há crianças que manifestam os sintomas cedo, enquanto outras só os revelam na escola, onde as demandas se intensificam. Os principais sintomas incluem dificuldades em permanecer parado, falta de atenção, impulsividade e desorganização. O diagnóstico é clínico, baseado na história de vida do paciente, e, embora não tenha cura, o TDAH pode ser controlado com medicamentos e terapias comportamentais.