Estudos da American Heart Association revelam que pessoas com obesidade têm um impressionante aumento de 85% no risco de desenvolver doenças cardíacas. Além disso, trata-se de uma condição que está diretamente ligada a diversos problemas de saúde, como a apneia do sono, que pode aumentar em até cinco vezes o risco de diabetes tipo 2.

Segundo a jornalista especialista no assunto, a obesidade é um problema de saúde pública sério, que está crescendo de forma alarmante e contribui significativamente para o aumento de doenças não transmissíveis predominantes na maioria dos países ocidentais.

A endocrinologista Cintia Cercato enfatiza um mito perigoso sobre a obesidade: o pensamento de que o excesso de peso não traz riscos, desde que a pessoa não tenha outras condições de saúde. "É fundamental entender que, mesmo com índices normais, o excesso de peso pode alterar seu estado de saúde metabólica. A conta realmente chega", alertou.

O médico André Feldman complementou explicando que as doenças cardiovasculares são, de fato, a principal causa de morte no Brasil e no mundo, e que a obesidade é um dos fatores mais fatais associados a essa condição. "O aumento do colesterol em pacientes com obesidade pode levar à formação de placas de gordura que, se atingirem o cérebro, podem resultar em um AVC. Quando afetam o coração, podem causar um infarto."

E a boa notícia? Você não precisa perder todo o excesso de peso para melhorar sua saúde. Os especialistas constatam que até uma pequena perda de peso pode trazer enormes benefícios. Entrando no que chamamos de "obesidade controlada", uma leve redução pode ser o primeiro passo para a saúde.

Por exemplo, uma perda de apenas 3% do seu peso pode ajudar a aumentar a fertilidade. Com uma redução de 5% a 7%, a glicemia melhora, reduzindo o risco de diabetes e resistência à insulina. Já uma redução de 10% no peso é suficiente para diminuir os riscos de eventos cardiovasculares, e uma perda de 16% aumenta significativamente as chances de evitar a morte precoce.

Importante ressaltar que a jornada de emagrecimento deve ser acompanhada por uma equipe profissional qualificada. "Cada caso é único, e a abordagem deve ser individualizada, respeitando as necessidades de cada paciente. Não existe uma solução mágica ou método único - o mesmo vale para a prática de exercícios e dieta", explicou Caio Santiago Moisés.

Criar um ambiente motivador também é essencial para a adesão ao tratamento, que não acontece da noite para o dia. Cumprir com os objetivos e realçar os benefícios positivos do processo são fundamentais. No entanto, o médico alerta que a caminhada é cheia de altos e baixos, e é importante estar preparado para enfrentar as dificuldades.

No evento, o chef Bruno Salomão compartilhou sua história de luta contra a obesidade. Com 168 kg aos 32 anos, ele enfrentou dores nos joelhos, problemas respiratórios, insônia, pré-diabetes e depressão. O chef, que se aventurou na culinária e compartilhou suas experiências no YouTube, percebeu que a obesidade estava relacionada a sua infância e ao uso de comida e álcool como forma de lidar com traumas. No entanto, ao iniciar sua jornada em 2022, ele admitiu que o caminho começou com psicanálise, uma nova dieta e acompanhamento médico. Hoje, ele perdeu 60 kg e descobriu o powerlifting, uma atividade física que o apaixonou.

O evento 'Obesidade: da compreensão à ação' também trouxe à tona a experiência da atriz Cacau Protásio, que perdeu 30 kg e destacou a importância de estabelecer metas realistas e o valor de um tratamento multidisciplinar. Ela falou sobre a transformação que viveu e o que significa não apenas perder peso, mas ganhar qualidade de vida.

Os especialistas concordaram que a obesidade é uma condição que atinge milhões no Brasil. A discussão sobre as dificuldades enfrentadas nesse processo é vital, e reforçar os aspectos positivos é essencial para manter a motivação e a determinação em prol de um objetivo comum: a saúde e o bem-estar.