O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, agora fixada em 11,25% ao ano. Esta decisão, anunciada na quarta-feira (6), gerou preocupações entre investidores, mas levaram a uma análise interessante sobre os Fundos Imobiliários (FIIs).

O CDI, que geralmente acompanha a Selic, agora está em 11,15% ao ano. Em meio a este cenário, um estudo recente realizado pelo InfoMoney, com dados da Economatica, revelou que 55 FIIs registraram dividend yield (taxa de retorno com dividendos) superior ao CDI nos últimos 12 meses, embora o número tenha caído de 56 FIIs analisados em setembro. Esta métrica é especialmente relevante para investidores em busca de retornos atraentes em um contexto de juros altos.

Os líderes em dividend yield são o HGPO11, com impressionantes 56,44%, seguido pelo HTMX11 com 16,84%, e o CACR11, que atingiu 15,80%. Essas cifras indicam que, apesar da alta da Selic, muitos FIIs ainda estão conseguindo gerar rendimento significativo para seus cotistas.

O impacto da alta dos juros gera inquietação em investidores, com opiniões divergentes sobre como isso afeta os FIIs. Rafael Ohmachi, sócio e gestor da RB Asset, alerta que a valorização dos preços das cotas pode ser prejudicada, especialmente para os FIIs que utilizam alavancagem em suas operações. Esses fundos podem ver seus custos de financiamento aumentarem, o que pode diminuir tanto a rentabilidade quanto os dividendos distribuídos. Por outro lado, os fundos imobiliários que não estão alavancados tendem a ser menos impactados e podem continuar tendo desempenho positivo.

Um fator a ser considerado é que contratos de locação oferecem uma proteção natural contra a inflação para FIIs de tijolo, enquanto FIIs de papel podem até se beneficiar da situação, já que muitos desses ativos têm suas remunerações atreladas ao CDI. Dessa forma, a tendência é que esses fundos paguem dividendos mais altos à medida que a taxa de juros se eleva.

Ao escolher FIIs pagadores de dividendos, Cassiano Jardim, diretor de investimentos da Barzel Properties, aconselha uma análise cuidadosa. Ele sugere que investidores busquem fundos com distribuição de rendimentos constante e resiliente, que apresentem uma boa diversificação de ativos e inquilinos, evitando concentrações que podem ser arriscadas. Além disso, é crucial observar as cláusulas dos contratos e o cronograma de vencimentos, de modo a tomar decisões de investimento bem fundamentadas.

Com a crescente volatilidade do mercado, entender onde colocar seu capital pode ser a chave para preservar e aumentar seu patrimônio. A diversificação dos investimentos, junto a uma análise criteriosa dos fundos imobiliários, pode oferecer segurança e boas oportunidades em um ambiente econômico desafiador.