Descoberta Revela Como Células Cancerígenas Enganam o Sistema Imunológico
2024-11-08
Autor: Mariana
Um emocionante estudo conduzido pela Universidade Goethe de Frankfurt e publicado na prestigiada revista científica Cell traz à tona novas descobertas sobre como as células cancerígenas desenvolvem estratégias para escapar do sistema imunológico do corpo. Essa pesquisa pode ter implicações significativas para o futuro do tratamento do câncer.
O sistema imunológico possui a habilidade de identificar células que foram infectadas por vírus ou que sofreram mutações que as tornam perigosas. As moléculas conhecidas como MHC-I funcionam como "antenas" que ajudam nesse reconhecimento crucial. Elas são formadas dentro da célula e transportadas até a membrana celular, onde se posicionam para que os fragmentos de proteínas possam ser detectados pelas células de defesa do corpo.
Quando as células de defesa detectam fragmentos de proteínas que indicam perigo, elas rapidamente destroem a célula alterada. Para que esse processo funcione corretamente, as moléculas MHC-I precisam estar em plena funcionalidade.
A pesquisadora Lina Herhaus, líder do estudo, declarou: "Descobrimos um sensor dentro da célula que assegura que apenas as moléculas MHC-I funcionais sejam transportadas para a membrana plasmática, enquanto as unidades defeituosas são eliminadas".
Esse controle de qualidade é crucial; quando há erro na produção das proteínas, elas são descartadas por meio de receptores especializados que conseguem identificar as proteínas defeituosas. Durante a pesquisa, os cientistas localizaram uma proteína chamada IRGQ, que desempenha um papel essencial nesse processo de controle das moléculas MHC-I.
Para investigar a função do IRGQ, os pesquisadores realizaram interferências genéticas que suprimiram a produção dessa proteína. O resultado foi surpreendente: as células sem IRGQ apresentaram uma acumulação de moléculas defeituosas. Apesar da expectativa que células sem IRGQ teriam uma resposta imunológica mais fraca, os resultados foram exatamente o oposto. Ao analisar diversos tumores humanos, descobriram que níveis mais baixos de IRGQ estavam associados a uma taxa de sobrevivência melhor entre pacientes com câncer de fígado.
Ivan Đikić, professor do Instituto de Bioquímica II e co-líder do estudo, explicou: "Esses achados não apenas desafiam a nossa compreensão atual sobre a imunidade em câncer, mas também sugerem que o IRGQ pode ser um alvo promissor para novos tratamentos, especialmente para o câncer de fígado".
Esses resultados foram corroborados em experimentos realizados com camundongos portadores de câncer hepático. A descoberta abre portas para o desenvolvimento de terapias inovadoras que possam potencialmente aumentar a eficácia das respostas imunológicas no combate ao câncer. A pesquisa continua e promete transformar nossa abordagem na luta contra essa doença devastadora.