
Descoberta no Marrocos reescreve parte da História
2025-04-07
Autor: Fernanda
Uma escavação arqueológica no noroeste do Marrocos trouxe à luz o que pode ser o primeiro assentamento da Idade do Bronze na região do Magreb, mudando de forma significativa a visão que temos da história da África. Antigos registros consideravam o local uma 'terra vazia' até a chegada dos fenícios, mas novas evidências provam o contrário.
O local, batizado de Kach Kouch, está situado próximo ao Estreito de Gibraltar, nas margens do rio Lau. Especialistas afirmam que esse assentamento é o mais antigo da Idade do Bronze conhecido no norte da África mediterrânea, com exceção do Egito.
A pesquisa é liderada por Hamza Benattia Melgarejo, um doutorando da Universidade de Barcelona, e as descobertas foram divulgadas na respeitada revista Antiquity. Os vestígios encontrados desafiam narrativas históricas anteriores, que afirmavam que não havia população fixa na região até cerca de 800 a.C.
Durante as escavações, foram identificados três períodos distintos de ocupação humana, datando entre 2200 e 600 a.C. O primeiro período, que ocorreu entre 2200 e 2000 a.C., apresenta poucos restos materiais, mas já indica uma presença humana significativa. Contudo, é entre 1300 e 900 a.C. que Kach Kouch atinge um pico de desenvolvimento, com a construção de estruturas em tijolos de barro, silos e pedras de moagem, além do surgimento de uma sociedade agrária que cultivava cevada e trigo e criava animais.
O período posterior, entre 800 e 600 a.C., revela um povo adaptável, que incorporou inovações como ferramentas de ferro e cerâmicas moldadas em roda, demonstrando a troca cultural com regiões do Mediterrâneo oriental. Essa era é marcada pela diversidade e complexidade social, evidenciando que o assentamento era um ponto de encontro de culturas diferentes.
Para Benattia, essa é a primeira evidência concreta de vida sedentária anterior à influência fenícia na área, demonstrando que as comunidades locais eram dinâmicas e interconectadas, ao invés de estarem isoladas. Ele ressaltou a importância da descoberta para entender a história da civilização na região e seu impacto nas dinâmicas culturais e sociais da antiguidade.