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Desastre à Vista: Robôs Submarinos Revelam Perigos Ocultos sob a Geleira Thwaites

2024-09-24

A geleira Thwaites, uma das maiores do mundo, está passando por mudanças alarmantes. Com uma área equivalente a toda a Grã-Bretanha e uma largura impressionante de 120 km, sua espessura chega a mais de 2.000 metros. O que preocupa os cientistas é que essa geleira está derretendo a uma velocidade sem precedentes. O volume de gelo que se desprendeu da Thwaites e de geleiras vizinhas mais do que dobrou entre as décadas de 1990 e 2010.

Localizada na Enseada Marítima Amundsen, a Thwaites é responsável por 8% do atual aumento no nível do mar, que está em uma média de 4,6 mm por ano. Caso a "Geleira do Juízo Final" entre em colapso total, o nível dos oceanos poderia subir até 65 centímetros, segundo especialistas. E se o derretimento afetar todo o manto de gelo do Oeste Antártico, a elevação poderia ser catastrófica, chegando a 3,3 metros.

O geofísico marinho Rob Larter, coordenador científico do International Thwaites Glacier Collaboration (ITGC), afirma que a geleira vem recuando há mais de 80 anos, e esse recuo acelerou significativamente nos últimos 30 anos. A pesquisa indica que esse fenômeno deve continuar intensificando-se.

O cenário é ainda mais preocupante, pois novos processos podem influenciar a aceleração do derretimento. Embora os cientistas conheçam alguns fenômenos adicionais que podem acelerar a degradação da geleira, ainda faltam dados para prever exatamente como e quando isso ocorrerá.

Atualmente, acredita-se que a Thwaites e uma parte significativa do manto de gelo do Oeste Antártico possam ser perdidos nos próximos 200 anos. O fator que torna a Thwaites especialmente vulnerável é a sua localização em terreno bem abaixo do nível do mar, onde parte do gelo está exposta a águas quentes a altas pressões, que se infiltram pelas fendas do gelo.

Um dos robôs submarinos, o Icefin, fez descobertas alarmaantes. Ele revelou a infiltração de água do mar relativamente quente sob a geleira, o que acelera ainda mais o derretimento. A pesquisa mostrou que a água quente consegue penetrar mais de 9 km abaixo da geleira, o que aumenta o derretimento ao empurrar água aquecida para baixo do gelo.

Kiya Riverman, glaciologista da Universidade de Portland, ressaltou a importância dessa descoberta, afirmando que é a primeira vez que essa infiltração é documentada. Ted Scambos, coordenador do grupo americano do ITGC, alerta que os modelos preveem uma aceleração da perda de gelo no século 22, levando a um possível colapso do manto de gelo no século 23. Ele destaca que uma ação climática imediata pode ter um efeito positivo, mas que já pode ser tarde demais para prevenir as consequências.

As áreas que mais sofrerão com essas mudanças incluem as costas de Bangladesh, ilhas do Pacífico e litorais de diversas nações, indo de Nova York a Londres. Um estudo da Time mencionou que é possível que grandes blocos de gelo de até 100 metros de altura se desprendam da Thwaites, resultando na formação de icebergs gigantes que elevariam os níveis do mar em dezenas de centímetros ainda neste século.

Os pesquisadores, no entanto, consideram prematuro tirar conclusões definitivas sobre estes cenários em evolução. O relógio está correndo, e as consequências da mudança climática estão mais próximas do que nunca.