Tecnologia

Desafio da Mão de Obra Qualificada: O Que Está Impedindo a Explosão da Energia Solar no Brasil?

2024-09-27

Desafio da Mão de Obra Qualificada

O mercado de energia solar no Brasil enfrenta um grande obstáculo: a escassez de mão de obra qualificada. Para empresas do setor, a necessidade de recrutar profissionais de áreas diversas tem se mostrado um desafio contínuo. O departamento de recursos humanos não só busca profissionais em prefeituras e balções de emprego, como tem até recorrido ao uso de carros de som para aumentar a visibilidade das oportunidades.

Uma das principais exigências para os candidatos é a disposição para aprender, dado que eles precisam de treinamento específico para se adequar às demandas do setor.

Modalidades de Geração de Energia Solar

No Brasil, existem basicamente duas modalidades de geração de energia solar: as usinas em larga escala, construídas em terrenos extensos, e a instalação de painéis solares em residências e edifícios comerciais. Segundo Ronaldo Koloszuk, presidente da Absolar, aproximadamente dois terços da produção solar no Brasil advêm desta segunda opção.

Instalação de Painéis e Desafios de Capacitação

Embora a instalação de painéis em telhados não seja considerada uma tarefa complexa, é crucial que os profissionais tenham o conhecimento adequado. Apesar de existirem cerca de 20 mil empresas integradoras especializadas na instalação de sistemas fotovoltaicos no país, a diversidade nas tipologias de telhados cria uma barreira adicional, exigindo pessoal capacitado e adaptável.

Grandes Usinas Solares e Rotatividade de Pessoal

Já no caso das grandes usinas solares, o cenário muda significativamente. Geralmente, um fundo de investimento financia a construção de uma usina, que é conduzida por uma empresa contratada, conhecida como EPC (Engenharia, Compras e Construção). Entretanto, a rotatividade na força de trabalho pode chegar a 100%, como constatado por Elvis Albarello, diretor-executivo da unidade de EPC da empresa A. Dias. Isso significa que, em uma obra com 25 profissionais, até 50 podem passar pelo local durante o período de construção, devido à constante troca de pessoal.

Escassez de Montadores e Oportunidades no Setor

A escassez de montadores fotovoltaicos é um dos problemas mais críticos, conforme destacado por Chavarry, da Sunfor. Ele relata que a maioria destes profissionais é atraída pelas grandes usinas, o que deixa uma lacuna para projetos menores.

Automação e Tecnologia na Indústria Solar

Nos Estados Unidos, a indústria está investindo em automação, com robôs começando a realizar instalações em usinas solares. A empresa AES, por exemplo, já testa maquinários que podem reduzir a dependência de trabalhadores humanos. Embora o Brasil ainda não tenha alcançado esse nível tecnológico, há alguma automação em uso, mas muito distante da robotização presente em outras indústrias.

Atualmente, a A. Dias utiliza drones para a manutenção das usinas solares, operados por Albarello, que são capazes de detectar placas superaqueceradas, mas somente após a conclusão das instalações. A manutenção, por sua vez, continua sendo uma tarefa manual.

Perspectivas de Futuro

Koloszuk prevê que a automação só ganhará força quando a implementação se tornar efetivamente econômica, o que não é uma expectativa de curto prazo. Contudo, os custos de materiais utilizados nas construções estão caindo, representando 70% do total dos gastos de uma obra, enquanto os 30% restantes correspondem a salários.

Jovanio Santos, diretor de Novos Negócios da consultoria Thymos Energia, acredita que a tendência é de redução de custos, impulsionada pela evolução tecnológica e aumento da produção na China, o que pode beneficiar a indústria solar no Brasil.

Comparação Internacional e Desafios Locais

Embora o Brasil enfrente problemas na qualificação de mão de obra no setor, a situação é consideravelmente melhor do que em países europeus, onde a corrida para descarbonização e implementação de energias renováveis é intensa. A necessidade de uma qualificação mais robusta reflete o apelo urgente que a situação climática exige dos setores de energia em todo o mundo. O Brasil, contando com uma matriz energética já diversificada, ainda possui um caminho a percorrer, mas também inúmeras oportunidades.