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DeepSeek e o Dólar: As Surpresas do 'Trump Trade' Que Ninguém Esperava
2025-01-28
Autor: Gabriel
A poucos dias da posse de Donald Trump como presidente dos EUA, o Goldman Sachs realizou seu encontro anual de investimentos em Londres, onde a expectativa em torno do 'Trump trade' girava em torno da força do dólar. A ascensão de Trump trouxe uma mistura de especulação e otimismo, especialmente entre os fundos de hedge que apostavam numa valorização do dólar em decorrência de políticas econômicas americanas, como uma possível inflação e o excepcionalismo americano.
No entanto, durante a cerimônia de posse, Trump fez uma mudança inesperada de rumo ao direcionar suas políticas tarifárias principalmente ao México e ao Canadá, em vez da China, que era o foco inicial. Isso desencadeou uma reação imediata no mercado, resultando em um fortalecimento do renminbi e uma queda abrupta do dólar, além de revalorizações significativas do euro, da libra esterlina e do iene — um pesadelo para os defensores do dólar.
Além disso, outra estratégia que passava despercebida foi o impulso crescente da inteligência artificial (IA) – uma área em que os EUA almejavam dominar. Recentemente, surgiram notícias sobre um novo jogador no mercado de IA: a DeepSeek, uma empresa chinesa que começou a desafiar a supremacia americana neste setor. Esse movimento passou a chamar a atenção dos investidores, levando a uma nova onda de incerteza e volatilidade, principalmente para as ações de tecnologia dos EUA.
Na última semana, as ações da Nvidia, um gigante da tecnologia, sofreram uma perda de mais de 600 bilhões em valor de mercado de forma quase sem precedentes. Isso levantou perguntas cruciais sobre a sustentabilidade do impulso de ações de tecnologia nos EUA, especialmente dado que sete ações ligadas à IA dos EUA representam um terço do índice S&P 500. A possibilidade de que essas ações não sejam tão resilientes quanto anteriormente estimado começa a desmantelar a narrativa otimista a respeito da recuperação econômica americana.
Uma análise recente do Société Générale revelou que, sem a Nvidia e seus principais clientes — Microsoft, Google, Amazon e Meta — o índice S&P 500 poderia estar cerca de 12% abaixo dos níveis atuais. Esta fragilidade está fazendo com que muitos questionem a viabilidade do tão celebrado excepcionalismo americano.
Ademais, ignorar os mercados internacionais pode ser um erro estratégico significativo. Desde que Trump assumiu, índices na Alemanha e no Reino Unido têm alcançado novos patamares, evidenciando que há vida econômica além das fronteiras dos EUA. Contudo, qualquer desafio à Big Tech americana pode ser desestabilizador não apenas para os EUA, mas para os mercados globais como um todo.
Em suma, o novo mandato de Trump não é simplesmente um 'passeio fácil', conforme muitos esperavam. Tanto o dólar quanto o mercado de ações americano estão enfrentando uma tempestade perfeita, lembrando a todos, investidores profissionais e amadores, que a incerteza reina na era do 'Trump 2.0'. A narrativa da Big Tech americana como algo indestrutível pode estar mais próxima de um conto de fadas do que da realidade. Se você está se perguntando quem realmente detém a chave do sucesso neste novo cenário, a pergunta pode ser mais pertinente do que nunca.