Dearborn: A cidade que pode decidir as eleições presidenciais dos EUA em 2024
2024-11-03
Autor: Matheus
A cidade de Dearborn, localizada no estado do Michigan, tem atraído a atenção nacional por seu papel potencialmente decisivo nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano. Com uma população de aproximadamente 100 mil habitantes, a cidade abriga uma significativa comunidade de imigrantes árabes, cujas opiniões podem influenciar quem ocupará a Casa Branca: Kamala Harris ou Donald Trump.
A cidade não é apenas um marco para a comunidade árabe nos EUA, mas também possui a maior mesquita do país e o único museu árabe, evidenciando a rica herança cultural de seus residentes. Diana Abouali, diretora do museu, comenta: "A comunidade árabe está aqui há décadas, muitos vieram trabalhar nas montadoras de carros, e rapidamente trouxeram suas famílias para cá."
Atualmente, Michigan conta com cerca de 300 mil descendentes de imigrantes do Oriente Médio, predominantemente libaneses. Esta migração começou quando oportunidades de trabalho nas fábricas atraíram essas famílias, apesar de muitas dessas indústrias terem fechado ao longo do tempo.
O panorama religioso na comunidade árabe é diverso, com pessoas muçulmanas e cristãs encontrando um ponto em comum na culinária, que serve como um elo entre as tradições culturais e os desafios da vida nos EUA. Muitos se identificam fortemente com suas raízes libanesas ou palestinas, especialmente em tempos de crise, como os conflitos recentes na região.
Os EUA têm uma longa história de apoio a Israel, que se intensificou após a criação do Estado em 1948. Com as eleições se aproximando, a tensão no Oriente Médio continua e a reação dos americanos de ascendência árabe a esse envolvimento é complexa. Lubna Faraj, uma residente de Dearborn, expressa seu descontentamento: "Viver em um país que parece estar contra as pessoas que você ama é desgastante."
As eleições nos EUA são definidas por estados, e Michigan é um campo de batalha crítico. Em 2016, Donald Trump venceu o estado por uma margem de apenas 10 mil votos, enquanto Joe Biden fez uma vitória mais robusta em 2020, com uma diferença de 150 mil votos. A comunidade árabe representa um importante segmento eleitoral, com cerca de 200 mil muçulmanos registrados para votar, a maioria dos quais apoiou Biden na última eleição.
Porém, os ventos podem estar mudando. "Nós sempre fomos eleitores democratas fiéis, mas isso mudou. Hoje, priorizamos acabar com o sofrimento e o genocídio. É uma questão de humanidade", declara Lubna Faraj, ressaltando que muitos na comunidade estão agora considerando alternativas, incluindo votar na candidata do Partido Verde, Jill Stein, que enfrenta grandes desafios nas pesquisas.
A percepção crescente de descontentamento entre os árabes em Dearborn pode ter repercussões profundas nas eleições, possivelmente afetando o resultado final em Michigan. Enquanto isso, os residentes de origens libanesas ou palestinas continuam a encontrar conforto e conexão através da comida—um símbolo duradouro de sua identidade e solidariedade em tempos difíceis.
"Meu sonho é que meu filho se sinta bem consigo mesmo e com suas raízes. Aqui, nos Estados Unidos, é crucial seguir em frente, sem olhar para trás", conclui Lubna. O desenrolar do cenário eleitoral em Dearborn poderá determinar não apenas o futuro político, mas também se o sonho americano se tornará uma realidade para seus habitantes.