Em uma reviravolta impressionante, a presidente da Danone na América Latina, Silvia Dávila, anunciou que a empresa continua a comprar soja brasileira, desmentindo declarações anteriores do diretor financeiro global, Juergen Esser, que havia afirmado que a gigante de laticínios havia interrompido as importações do grão.

A declaração foi feita em resposta à repercussão negativa que o comentário de Esser gerou entre os produtores de soja no Brasil e no Ministério da Agricultura. A fala do diretor financeiro na Reuters, que foi vista como uma crítica à origem da soja brasileira, levantou preocupações sobre a segurança econômica dos agricultores do país.

"Lamentamos as informações incorretas que circulam sobre a Danone e a origem da soja brasileira", destacou Silvia Dávila em nota oficial. "Continuamos comprando soja brasileira, em conformidade com as regulamentações locais e internacionais", completou, enfatizando o compromisso da empresa com a sustentabilidade.

Silvia explicou que a soja brasileira é um insumo vital para a indústria alimentícia, especialmente na produção de ração animal. A Danone tem a intenção de garantir que todos os ingredientes utilizados pela empresa sejam sustentáveis, reforçando que a soja proveniente do Brasil é parte essencial dessa estratégia.

A situação se agrava em um contexto de crescente pressão por parte da União Europeia para combater o desmatamento. A nova legislação do bloco exige que as empresas comprovem a origem sustentável dos produtos que importam, com penalidades severas para aqueles que não cumprirem as regulamentações. Isso incluiu críticas a empresas que, segundo o governo brasileiro, tomam decisões precipitadas sem entender corretamente o contexto local.

Muitos produtores e associações agropecuárias, como a Aprosoja, expressaram descontentamento com os comentários de Esser, argumentando que eles refletem um desconhecimento do processo produtivo brasileiro e representam uma discriminação contra o país. Eles alertaram que, devido a essas afirmações, os agricultores poderiam considerar boicotar marcas como a Danone.

O Brasil continua sendo um dos principais exportadores de soja do mundo, com a China como o principal destino para suas exportações. Para 2023, cerca de 58% do valor total do complexo soja brasileiro foi direcionado para o mercado chinês, reforçando a importância do Brasil no cenário global de fornecimento de grãos.

Enquanto isso, a Danone reafirma seu compromisso com o Brasil, onde está presente há mais de 50 anos, investindo em práticas sustentáveis e desenvolvimento agrícola. O futuro da relação entre a Danone e os produtores de soja brasileiros pode depender da clareza e transparência em suas operações, especialmente em tempos em que a sustentabilidade está em foco cada vez maior tanto para consumidores quanto para investidores.