Saúde

Cuidado com o Excesso de Exercícios: O Que Você Precisa Saber Sobre Overtraining

2025-09-06

Autor: Lucas

Overtraining: um inimigo silencioso para a saúde

Você já ouviu falar em overtraining? Esse conceito, que até pouco tempo era pouco discutido, está ganhando destaque e alerta os amantes do esporte sobre os perigos do exercício excessivo. Durante o Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2025), especialistas destacaram que o problema vai muito além do cansaço.

Os impactos nocivos no corpo

Segundo Ricardo Oliveira, endocrinologista e membro do Conselho Federal de Medicina, o overtraining pode causar um aumento significativo na produção de cortisol — o famoso hormônio do estresse — e uma queda nos hormônios T3 e T4. "Uma hiperprodução de cortisol pode gerar um verdadeiro caos no ritmo circadiano do corpo, impactando negativamente nos ciclos de sono e no bem-estar geral. Se a situação se arrasta, atletas de endurance podem até enfrentar uma diminuição nos níveis de testosterona. Ou seja, muito exercício pode ser tão perigoso quanto nenhum exercício", alerta.

Homens e mulheres em risco

Inicialmente observado como um problema comum entre mulheres, o overtraining afeta ambos os gêneros. O primeiro sinal nas mulheres geralmente é a amenorreia, ou seja, a interrupção menstrual, devido às alterações hormonais — em particular, com o estrogênio. No entanto, segundo a coordenadora do departamento de Endocrinologia do Esporte da SBEM, Andréa Fioretti, tanto homens quanto mulheres devem estar atentos aos sintomas.

Entendendo RED-S: a face oculta do esporte

Muito se fala sobre a RED-S (Relativa Energy Deficiency in Sport), que se relaciona ao déficit energético resultante do excesso de exercício combinado com uma alimentação inadequada. "Muitos atletas, mesmo sem apresentar sintomas de overtraining, podem estar enfrentando esse tipo de deficiência energética, o que pode ser devastador para as suas práticas esportivas e saúde a longo prazo", explica Andréa.

Sinais de alerta: quando parar e refletir

Os praticantes de atividades físicas devem ficar atentos aos seguintes sintomas: queda no rendimento, fadiga crônica, alterações de humor, distúrbios do sono, e até mesmo uma queda de libido. Oliveira destaca que mesmo um emagrecimento aparente pode não ser um sinal positivo, principalmente se estiver acompanhado de perda de massa muscular.

Diagnóstico e tratamento: como agir?

O diagnóstico de overtraining deve ser clínico, e os médicos podem requisitar exames hormonais apenas como suporte. O caminho para a recuperação envolve normalmente uma reavaliação na alimentação, com um equilíbrio no consumo calórico e a rotina de treinos. "Muitas vezes, pequenos ajustes na dieta e no volume de treino podem trazer melhorias significativas na performance e na saúde do atleta", recomenda a especialista.

Alimente-se bem: um dos pilares para o sucesso

Andréa adverte que dietas populares, como o jejum intermitente, não são recomendadas para atletas, que precisam da energia disponível através de carboidratos e proteínas. "Uma dieta equilibrada é fundamental para a produção hormonal adequada e para o desempenho no esporte. Não descuide de sua alimentação!"

Conclusão: moderação é a chave

Se você é um atleta ou apenas alguém que pratica exercícios regularmente, a mensagem é clara: moderação é crucial. Fique atento aos sinais do seu corpo e não hesite em procurar ajuda médica se perceber alterações. Exercício é saúde, mas em excesso, pode se tornar um veneno.