A crise política na Áustria ganhou novos contornos após a renúncia do chanceler Karl Nehammer, que ocorreu após o fracasso nas negociações entre os dois principais partidos centristas do país, o Partido Popular e os Social-Democratas, para formar um governo de coalizão sem o Partido da Liberdade, de extrema direita.

As tentativas de formar um novo governo arrastavam-se desde outubro de 2024, quando o presidente Alexander van der Bellen incumbiu Nehammer, líder conservador, da tarefa. Essa decisão foi motivada após todos os outros partidos se negarem a colaborar com o Partido da Liberdade, que, em setembro, conquistou 29,2% dos votos nas eleições nacionais, marcando seu primeiro triunfo na história política da Áustria.

O colapso das negociações se acentuou um dia após a saída inesperada do partido liberal Neos na sexta-feira (3). Nehammer, visivelmente frustrado, afirmou: "Fizemos tudo o que era possível até este ponto. Um acordo sobre pontos-chave não é viável, então não faz sentido para um futuro positivo para a Áustria. Não aceitaremos medidas que prejudicariam o desempenho econômico ou novos impostos, por isso encerramos as negociações com os Social-Democratas."

O líder dos Social-Democratas, Andreas Babler, expressou sua decepção com a decisão do Partido Popular, enfatizando que “essa não é uma boa decisão para o nosso país” e destacando os desafios que o próximo governo enfrentará, incluindo o “dépósito recorde” deixado pelo governo anterior.

A situação econômica da Áustria é alarmante. Com a previsão de cortes entre 18 e 24 bilhões de euros (equivalente a aproximadamente 114,7 bilhões a 153 bilhões de reais pela cotação atual), o país enfrenta uma recessão que dura dois anos, aumento do desemprego e um déficit orçamentário de 3,7% do PIB, excedendo o limite de 3% estabelecido pela União Europeia.

A instabilidade política, somada aos desafios econômicos, levanta questões sobre como a Áustria poderá avançar rumo à recuperação e estabilidade em um cenário cada vez mais volátil. Fique atento, pois as próximas semanas podem trazer desenvolvimentos decisivos para o futuro do país.