Nação

Crise no IBGE: Sindicato discute 'IBGE paralelo' e descontentamento entre funcionários

2025-01-22

Autor: Lucas

O sindicato que representa os trabalhadores da Unidade Chile do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), localizada no Rio de Janeiro, convocou uma reunião online para quinta-feira, 23 de janeiro de 2025. O encontro terá como foco discutir estratégias para enfrentar as controvérsias que têm cercado o instituto.

Durante a reunião, a seção local do Assibge (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE) irá avaliar a criação da Fundação IBGE+, que surgiu como um contraponto às atividades do IBGE. Os sindicalistas também irão abordar e criticar a liderança de Márcio Pochmann, atual presidente do IBGE, acusado de autoritarismo.

A Fundação IBGE+, criada em 2024, é uma entidade pública de direito privado e tem se tornado a maior fonte de insatisfação entre os funcionários do instituto, sendo pejorativamente chamada de “IBGE paralelo”. Essa instituição é responsável pelo Núcleo de Inovação Tecnológica do IBGE, além de apoiar pesquisas e se reportar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em contraste com o IBGE, que é vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.

A crise no IBGE se intensificou depois da demissão de dois diretores de pesquisas, Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, em 7 de janeiro. A nota oficial sobre suas demissões não ofereceu detalhes concretos, mas a representação sindical indicou que os diretores saíram devido a desentendimentos nas práticas de gestão de Pochmann. Além disso, uma carta assinada por gerentes e ex-diretores criticou diretamente as decisões da presidência, evidenciando um clima de tensão que já levou funcionários a realizar uma greve de 24 horas em protesto contra alterações estruturais na instituição.

A crise no IBGE também se tornou uma arma para a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em declarações polêmicas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se referiu à taxa de desemprego divulgada pelo IBGE como uma “mentira”, mesmo com a taxa acordando com o histórico mais baixo desde 2012, de 6,1% no trimestre encerrado em novembro. Em resposta, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, defendeu a metodologia do IBGE, frisando que foi a mesma utilizada em todos os governos desde 2012, e lembrou que a crise do desemprego alcançou 14% durante a administração de Bolsonaro.

Outra polêmica durante a gestão de Pochmann ocorreu quando o IBGE lançou um mapa-múndi com várias inverdades sobre a separação dos períodos geológicos, mostrando um erro de 70 milhões de anos na sequência dos períodos Jurássico e Cretáceo. Após o reconhecimento das falhas, a entidade publicou uma correção.

Márcio Pochmann, nomeado pelo governo de Lula em agosto de 2023, já teve uma carreira marcada por polêmicas e críticas sobre seu estilo de gestão. Ele foi presidente da Fundação Perseu Abramo e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A gestão dele frontou até mesmo as bases ideológicas entre os trabalhadores do IBGE, gerando um clima de incertezas e insatisfações entre os colaboradores.