
Crise na Aviação Regional: O que o Fim da Voepass Significa para o Setor
2025-09-01
Autor: Maria
A Queda do Setor Regional Após a Voepass
A aviação regional no Brasil enfrenta um momento crítico. Com o encerramento definitivo das operações da Voepass, promovido pela Anac, os voos regionais se concentraram quase que exclusivamente na Azul Conecta, um braço da Azul que ainda opera nesse segmento.
Recentemente, um relatório da Anac revelou que, em julho, a Azul Conecta transportou apenas 5.208 passageiros. Em contrapartida, no mesmo mês do ano anterior, as empresas Map e Passaredo, que operavam sob a bandeira Voepass, haviam transportado, juntas, quase 99,4 mil passageiros! Isso representa uma queda alarmante de 34,6%.
Desvantagens no Mercado
Entre janeiro e março de 2023, a empresa encerrou operações em 14 cidades, como Campos (RJ) e Mossoró (RN), pouco antes de solicitar recuperação judicial. Em um cenário de aperto, a Azul também tem ajustado mais de 50 rotas, cortando a frequência ou até eliminando algumas delas.
Esses cortes acontecem em um cenário onde os custos operacionais estão em alta, impulsionados pela crise global e pela desvalorização do real.
Esperança no Turismo com a Abaeté
Por outro lado, a Abaeté Aviação apresentou um arco de esperança ao anunciar um aumento na malha aérea para a alta temporada entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, prevendo 460 voos e 4.140 assentos, representando um aumento de 16% em relação ao ano passado.
O CEO da Abaeté, Héctor Hamada, atribui essa expansão ao crescimento do turismo na Bahia, impulsionado pela conectividade internacional a partir de Salvador. A companhia é a única 100% regional, o que lhe permite se adaptar rapidamente à demanda.
AmpliAR: Iniciativa do Governo para Estimular o Setor
Para enfrentar a crise, o Ministério de Portos e Aeroportos lançou o programa AmpliAR, que visa melhorar a infraestrutura aeroportuária em regiões deficitárias como a Amazônia Legal e o Nordeste. Serão leiloados 19 aeroportos em uma tentativa de atrair concessões que ajudem a revitalizar o setor.
O programa promete criar um processo simplificado de licitação, onde concessionárias poderão apresentar seus lances, com a previsão de que as propostas sejam abertas em novembro.
Desafios Persistem na Aviação Regional
Embora as iniciativas sejam bem-vindas, o especialista em aviação, Adalberto Febeliano, adverte que os esforços do governo são necessários, mas insuficientes. Ele menciona que, sem aeroportos adequados, a aviação não pode operar. No entanto, mesmo com infraestrutura, ainda há dúvidas sobre a viabilidade das operações.
O fenômeno de encolhimento da aviação regional é global, decorrente da redução no número de fabricantes e na disponibilidade de aeronaves pequenas. A aviação está se tornada cada vez mais complexa, tornando-se difícil estabelecer um sistema de voos que atenda à demanda regional.
Febeliano sugere que uma possível solução para fortalecer o setor seria rever as exigências de segurança, o que, segundo ele, poderia reduzir custos operacionais. Contudo, essa estratégia levanta preocupações sobre a segurança dos passageiros.