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Corte de Trump pode levar à catástrofe no combate ao HIV e outras doenças
2025-01-29
Autor: Carolina
A decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de interromper o fornecimento de medicamentos cruciais para o tratamento de HIV, malária e tuberculose, além de suprimentos de saúde para recém-nascidos em países que recebem apoio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), levanta preocupações alarmantes em todo o mundo.
Essa política, que começou nos primeiros dias de seu mandato, desencadeou uma onda de reações em diversos países, incluindo o Brasil. Especialistas têm alertado sobre suas potenciais consequências devastadoras. Informações obtidas pela Reuters indicam que muitas organizações parceiras, como a Chemonics, que gerencia o fornecimento de medicamentos em várias nações, foram notificadas a suspender sua atuação imediatamente.
Os programas de combate ao HIV e outras doenças marcaram passos significativos nas últimas décadas, sendo o PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para a Luta contra a Aids), criado em 2003, um dos principais responsáveis por salvar milhões de vidas. Estima-se que o programa tenha evitado a morte prematura de cerca de 30 milhões de pessoas, especialmente em nações da África Subsaariana, que dependem fortemente desse apoio para garantir acesso ao tratamento.
A iniciativa americana já havia realizado um investimento considerável em 2023, desembolsando US$ 72 bilhões em assistência, o que equivale a 42% de toda a ajuda humanitária monitorada pela ONU. Com a recente suspensão, o futuro do financiamento e suporte a esses programas fica ameaçado, o que pode vítimas gravemente impactadas, principalmente mulheres grávidas e crianças.
Em solo brasileiro, a reação foi rápida e alarmada. Ativistas e especialistas, como Pedro Chequer, ex-diretor do Programa Nacional de Aids, classificaram a medida como uma reviravolta que pode reverter anos de avanços no tratamento de HIV. Ele destacou que a decisão pode provocar uma explosão no número de novas infecções e, consequentemente, mais mortes.
Alessandra Nilo, coordenadora da ONG Gestos Soropositividade, adverte que a falta de oposição interna efetiva nos EUA resulta em um ambiente propício para tais decisões alarmantes. "É preciso que a sociedade civil se mobilize e que outros países se unam para subsidiar esses programas de saúde global", disse ela.
Fabiana Oliveira, do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas, destacou a urgência de restaurar a linha de financiamento e alertou que cada dia sem esse suporte resulta em mais vidas em risco.
Veriano Terto Jr., vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, enfatizou a gravidade da suspensão do PEPFAR e seu impacto em países africanos, bem como o risco de instabilidade social gerado pela falta de acesso a medicamentos.
Além disso, o debate sobre a dependência do financiamento internacional e a necessidade de revisão de estruturas de apoio à saúde se tornaram mais urgentes do que nunca. O momento exige reflexão sobre alternativas sustentáveis de financiamento e formas de manutenção do suporte global contra epidemias.
Com a previsão de uma saúde global em risco, a comunidade internacional e as organizações devem se unir para pressionar por mudanças nesta política e buscar restaurar toda a assistência necessária no combate ao HIV e outras doenças potencialmente fatais.