Coreia do Norte: Kim Jong Un e a Transformação em 'Camarada do Inferno' para a China
2024-11-03
Autor: Fernanda
Como Kim Jong Un está se tornando um 'camarada do inferno' para a China
Nos últimos tempos, a relação entre Kim Jong Un eXi Jinping tornou-se cada vez mais tensa. A Coreia do Norte, que costumava contar com a China como seu principal aliado, parece estar se distanciando gradativamente, quase como se estivesse flertando com a Rússia de Vladimir Putin. Essa nova dinâmica é motivo de preocupação para Pequim, que teme perder seu controle sobre o regime norte-coreano e, consequentemente, a estabilidade da região.
Recentemente, turistas chineses que visitavam a fronteira com a Coreia do Norte se sentiam orgulhosos por estarem tão perto de uma nação misteriosa, mas essa aura de curiosidade contrasta com o relacionamento complicado entre os governos. Enquanto os visitantes tiram fotos e se divertem, os líderes políticos enfrentam uma realidade alarmante. Com a intensificação das colaborações militares entre Pyongyang e Moscou, a China está claramente temendo que essa nova aliança venha a desestabilizar sua própria posição estratégica.
Em um evento que chamou a atenção mundial, a Coreia do Norte disparou um míssil intercontinental, desafiando as sanções internacionais, particularmente num momento em que o regime norte-coreano precisa desesperadamente do apoio financeiro chinês. Com mais de 90% do comércio exterior da Coreia do Norte sendo realizado com a China, a questão de sua lealdade se torna crítica. Recentemente, surgiram rumores de que Kim Jong Un poderia enviar tropas para apoiar a Rússia na Ucrânia, o que deixaria Pequim em uma posição desconfortável.
Christopher Green, analista do International Crisis Group, observa que a China deseja manter um controle estável sobre a Coreia do Norte, mas a crescente proximidade entre Pyongyang e Moscou ameaça isso. No passado, os laços de Kim Jong Un com a China eram comparados a 'lábios e dentes', onde um não pode sobreviver sem o outro. No entanto, a rápida deterioração desses laços sugere que estamos vendo uma mudança dramática nesse cenário.
Recentemente, Kim tem demonstrado uma preferência crescente por Putin em detrimento de Xi, evidenciado no fato de não se encontrar com o líder chinês desde 2019, enquanto se reuniu com Putin duas vezes no último ano. Esta situação levanta questões sobre a adequação da China em manter uma aliança com uma nação cada vez mais indisciplinada e que busca alternativas de apoio.
Com o Ocidente se tornando mais hostil e menos previsível, a China deve ser cuidadosa em sua abordagem. Autoridades dos EUA já levantaram a questão da presença militar norte-coreana na Rússia durante negociações com diplomatas chineses. Isso mostra que tanto os Estados Unidos quanto a China estão cientes do potencial risco que as tropas norte-coreanas representarão não apenas para a Rússia, mas também para seus próprios interesses regionais.
Além disso, Kim Jong Un está apostando alto ao provocar os Estados Unidos e seus aliados. A crescente retórica agressiva contra a Coreia do Sul levou a debates sobre a necessidade de Seul desenvolver seu próprio arsenal nuclear. Este cenário se tornaria um pesadelo logístico para a China, que anseia por uma região asiática na qual possa exercer influência sem a interferência ocidental.
A história nos mostra que o regime de Kim Jong Un pode não ter outra escolha senão depender da China para sua sobrevivência. Mas, à medida que novas alianças são formadas, como a com a Rússia, a situação pode se complicar. Se o apoio russo se solidificar, isso pode alterar drasticamente a dinâmica regional. A questão permanece: até onde Kim Jong Un está disposto a ir para forjar essas novas alianças e qual será a resposta da China a esse tipo de comportamento desafiador?
No fim, a relação entre a Coreia do Norte e seus vizinhos é um exemplo bem claro de como as dinâmicas de poder estão em constante mudança. O que antes era uma relação de dependência pode rapidamente se tornar uma relação de rivalidade, e os efeitos disso podem ressoar não apenas em Pequim e Pyongyang, mas em todo o mundo.