Recentemente, um estudo revelou que utensílios de cozinha pretos feitos de plástico reciclado apresentaram a presença de decaBDE, um retardante de chamas proibido em muitos países. O valor correto de exposição a esse composto é de 420.000 ng por dia, o que representa apenas cerca de 8,3% do limite de segurança. Na prática, isso significa que esses utensílios não são tóxicos para o ser humano, fitando-se nos padrões de ingestão segura.

Mas o que exatamente é o decaBDE? Esse poluente, que visa prevenir incêndios em eletrônicos, foi utilizado por décadas e tornou-se alvo de preocupação devido ao seu status como "poluente orgânico persistente". O Brasil é um dos países que proibiu o uso do decaBDE há mais de 20 anos. Enquanto a Cetesb considera essa substância tóxica, especialmente para grupos vulneráveis, como fetos e crianças, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) o classifica em grupo 3, ou "não classificável quanto à carcinogenicidade", indicando que as evidências não são suficientes para causar alarme.

Um estudo publicado pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China concluiu que há uma relação entre a exposição ao decaBDE e o aumento da mortalidade por câncer, o que trouxe à tona ainda mais discussões sobre o uso de recicláveis na produção de utensílios. Em uma análise, 70% dos 203 itens examinados continham decaBDE, incluindo uma variedade de produtos, desde utensílios de cozinha a brinquedos infantis.

Porém, a questão permanece: podemos continuar utilizando esses utensílios? Especialistas indicam que, apesar dos achados alarmantes, a quantidade de decaBDE encontrada nos utensílios não ultrapassa os limites seguros de exposição. Entretanto, é evidente que devemos ser cautelosos e estar cientes do que estamos utilizando em nosso dia a dia. O professor Joe Schwarcz criticou a imprecisão nas medições, ressaltando que um erro de fator dez pode acentuar um risco que pode não ser tão significativo quanto parece.

Além disso, a pesquisa alertou que a utilização de aditivos tóxicos em plásticos pode contaminar seriamente os produtos que entram em contato direto com alimentos, reforçando a importância de recicladores e fabricantes em garantir a segurança dos itens produzidos.

Por fim, a responsabilidade recai sobre os consumidores: a escolha de utilizar ou não esses utensílios de cozinha deve ser feita com cautela, levando em consideração todos os aspectos de segurança e saúde. Em meio a tantas informações e incertezas, a melhor abordagem é sempre se manter informado e optar por produtos que ofereçam garantias de segurança.