A consultoria britânica L.E.K., especializada na assessoria de planos de fundos de investimento e empresas, traz à luz os desafios que os negócios enfrentam em meio a juros elevados. Paulo Vandor, sócio da consultoria no Brasil, falou sobre como a taxa Selic, atualmente em 10,75%, está afetando o clima econômico e as decisões de investimento das empresas.

Mas como exatamente a Selic alta impacta as empresas? A principal métrica que define se um projeto será aprovado é a taxa interna de retorno (TIR), que reflete sua rentabilidade esperada. No Brasil, o histórico é de trabalhar com TIRs na faixa de dois dígitos. Entretanto, com a Selic em níveis elevados, as empresas agora buscam taxas de retorno entre 15% e 20% ao ano apenas para justificar a viabilidade dos projetos.

E esse não é o único efeito hemorrágico. Os acionistas estão cada vez mais exigentes e encurtando o prazo para o retorno dos investimentos. Em cenários normais, espera-se que cerca de 30% do investimento retorne em um intervalo de cinco a dez anos. Hoje, esse percentual saltou para, no mínimo, 40%.

A insegurança econômica também força as empresas a reterem caixa. A incerteza transformou a obtenção de crédito bancário para novos projetos em uma tarefa onerosa, e até mesmo levantar dinheiro com os acionistas se tornou um desafio. As empresas estão cautelosas e hesitantes em dar o passo adiante.

E qual é a reação dos investidores estrangeiros? Eles estão em alerta máximo. Um grande fundo de private equity revelou que, atualmente, prefere manter seus recursos em títulos do governo brasileiro a correr o risco de investir em negócios locais, avaliando que a segurança é mais garantida nas aplicações governamentais.

Diante desse cenário, o futuro dos investimentos no Brasil parece incerto. Se os juros continuam altos, as empresas podem enfrentar um período de estagnação que afetará não apenas seu crescimento, mas também a economia como um todo. Especialistas alertam que, sem mudanças significativas nas políticas monetárias, o Brasil corre o risco de perder a atratividade como destino de investimentos.

Essas revelações ressaltam a necessidade urgente de estratégias inovadoras para navegar por este ambiente desafiador. Será que os empresários conseguirão encontrar soluções criativas para contornar essa crise financeira?