Ciência

Como é viver no espaço? Astronautas compartilham segredos surpreendentes da ISS

2024-09-18

Em junho de 2024, dois astronautas americanos, Suni Williams e Butch Wilmore, embarcaram em uma experiência transformadora ao passar oito dias na Estação Espacial Internacional (ISS). Devido a questões de segurança com a nave Boeing Starliner, sua missão foi estendida até 2025, permitindo que eles se juntassem a uma equipe de nove astronautas em um espaço equivalente ao tamanho de uma casa de seis quartos, flutuando a 400 km da superfície da Terra.

A Realidade da Vida na ISS

A vida na ISS é marcada por uma rotina rigorosa, onde cada minuto é cronometrado pelo controle da missão na Terra. Os astronautas acordam às 06:30 GMT, e o processo de despertar acontece em cabines diminutas que são descritas como a “melhor sacola de dormir do mundo”.

Após o despertar, é hora de usar o banheiro, onde o suor e a urina são normalmente reciclados para gerar água potável. No entanto, uma falha de sistema recente significa que a urina precisa ser armazenada temporariamente, aumentando os desafios da vida no espaço. O dia é então preenchido com manutenção e experimentos científicos, pois a ISS abriga seis laboratórios dedicados a várias pesquisas, incluindo medicina, biologia e física.

Convivência e Desafios do Espaço Compacto

A Estação Espacial é comparada a “muitos ônibus juntos” pelo astronauta canadense Chris Hadfield, que destaca que, apesar do espaço reduzido, a convivência é tranquila e organizada. Os astronautas têm a chance de se isolar quando necessário, utilizando equipamentos que monitoram seus sinais vitais em meio à rotina ocupada.

Hadfield também menciona as caminhadas espaciais, descrevendo-as como "as 15 horas mais espetaculares de sua vida", que incluem a intrigante realidade do “cheiro do espaço”. Este aroma metálico é causado pela interação da radiação com objetos expostos ao ambiente cósmico.

Saúde Física e Exercícios no Espaço

A manutenção da saúde é uma prioridade crítica. Os astronautas dedicam cerca de duas horas diárias a exercícios, com o uso de três principais dispositivos: o Advanced Resistive Exercise Device (ARED), duas esteiras e uma bicicleta ergométrica. Esses exercícios são essenciais para combater a perda de densidade óssea resultante da ausência de gravidade.

Um aspecto curioso da vida no espaço mencionado por Nicole Stott, que passou 104 dias na ISS, é o suor. No ambiente de microgravidade, ele não escorre, mas se acumula na pele, criando a necessidade de remoção manual. As roupas usadas são descartadas em cápsulas que queimam na atmosfera ao retornar à Terra, enquanto algumas peças podem ser utilizadas por longos períodos devido à ausência de gravidade.

As Delícias e Desafios da Alimentação

Sobre alimentação, apesar da variedade, os astronautas enfrentam desafios. As refeições vêm em pacotes sob medida, muitas vezes comparadas a alimentos de acampamento ou de exército. Mesmo assim, pratos favoritos como curry japonês e sopas russas estão sempre disponíveis. O reabastecimento de suprimentos é um evento aguardado ansiosamente, proporcionando não apenas comida, mas também novas roupas e equipamentos essenciais.

Impactos Psicológicos e Reflexões sobre a Terra

Um dos aspectos mais profundos da experiência no espaço é o impacto psicológico de observar a Terra a partir da ISS. Helen Sharman reflete sobre a insignificância diante da vastidão do cosmos, enquanto Nicole destaca o valor da convivência multicultural na estação, promovendo uma reflexão sobre a interconexão global entre os povos.

Apesar dos desafios, o fascínio pelo espaço e a contribuição para a ciência fazem dessa jornada algo singular e desejado por muitos. Para Suni Williams e Butch Wilmore, mesmo com a prorrogação da missão, a experiência de viver e trabalhar na ISS é a realização de um sonho, repleta de exploradores prontos para desbravar o desconhecido.