Mistério interestelar: o cometa 3I/ATLAS

O Telescópio Espacial James Webb fez uma descoberta impressionante sobre o cometa interestelar 3I/ATLAS, o terceiro desse tipo a cruzar nosso Sistema Solar. A análise revelou que sua coma, a camada de gases e poeira ao redor do núcleo, é composta em grande parte por dióxido de carbono, revelando uma proporção inusitada em relação à água.

Os dados, obtidos pelo instrumento NIRSpec, mostram uma relação de oito partes de dióxido de carbono para uma de água, uma marca histórica entre os cometas. Os cientistas estão surpresos, uma vez que cometas do Sistema Solar normalmente têm mais água.

Origem enigmática

A peculiaridade do 3I/ATLAS sugere uma origem distinta, levantando a possibilidade de seu nascimento perto da linha de gelo de dióxido de carbono de sua estrela-mãe, ou talvez tenha sido bombardeado por radiação intensa, alterando a composição dos elementos em seus gelos.

Descoberto em 1º de julho por meio do sistema ATLAS no Chile, 3I/ATLAS se junta a ‘Oumuamua, de 2017, e 2I/Borisov, de 2019, como um dos raros visitantes intergalácticos que não pertencem ao nosso Sistema Solar.

Observações reveladoras

Imagens do telescópio Gemini North, no Havaí, já mostraram uma coma compacta. Agora, com a tecnologia avançada do Webb, os detalhes químicos antes inexplorados estão sendo revelados.

O futuro da pesquisa também é promissor, com a inauguração do Observatório Vera C. Rubin, que deve enriquecer ainda mais as investigações sobre este enigmático cometa.

Uma trajetória sem volta

Com uma órbita hiperbólica, o 3I/ATLAS não está preso ao Sol. Astrônomos traçaram seu caminho e confirmaram que ele veio do espaço interestelar e seguirá sua trajetória pelo cosmos, sem retorno.

Atualmente, o cometa está a cerca de 670 milhões de quilômetros do Sol, com a maior aproximação prevista para 30 de outubro de 2025, quando passará próximo à órbita de Marte.

Cometa ativo e raridades astronômicas

O 3I/ATLAS é considerado um cometa ativo e tem uma denominação adicional de C/2025 N1. As estimativas sobre seu núcleo, com base em imagens do telescópio Hubble, sugerem um tamanho que pode variar entre 320 metros e 5,6 quilômetros.

À medida que se aproxima do Sol, espera-se que o cometa se torne ainda mais ativo devido à sublimação de voláteis, aumentando sua visibilidade.

Mensageiro de mundos distantes

O 3I/ATLAS é um dos fragmentos de outros sistemas planetários, oferecendo pistas sobre a formação de mundos distantes. Designado como um "cometa mensageiro de outros mundos" pelo Observatório Nacional, a sua análise pode abrir novas portas para entender as origens de outras estrelas.

Comenta Dr. Jorge Márcio Ferreira Carvano, do Observatório Nacional, que a crescente descoberta de objetos interestelares poderá aprimorar nosso entendimento sobre a formação de sistemas planetários, estabelecendo paralelos com as composições das nuvens protoestelares.