CNSP Exige Suspensão Imediata da Criação da Fundações IBGE+
2025-01-21
Autor: Lucas
Na terça-feira, 21 de janeiro de 2025, a CNSP (Confederação Nacional dos Servidores Públicos) enviou uma carta ao Congresso Nacional pedindo a suspensão da criação da Fundações IBGE+. Esta entidade, cuja criação ocorreu em 2024, é vista como um suporte para as atividades do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas seus processos têm gerado controvérsias significativas.
A CNSP argumenta que a fundação foi criada sem a devida autorização legislativa e que suas atividades operam paralelamente ao IBGE, colocando em risco a credibilidade das estatísticas oficiais do país. A confederação também critica a administração do presidente Marcio Pochmann, denunciando o que chama de "investidas autoritárias" dentro da gestão do IBGE.
Na carta, a CNSP salienta o seguinte:
1. A criação da fundação ocorreu por iniciativa unilateral do IBGE, sem a devida autorização legal.
2. Há um desrespeito a vínculos ministeriais obrigatórios, pois toda entidade precisa estar sob a supervisão de um órgão governamental.
3. Os nomes semelhantes e a atuação da fundação podem confundir a população sobre as reais atribuições do IBGE.
4. A fundação pode desviar verbas públicas, pois as receitas que capta não são encaminhadas ao Tesouro Nacional, burla a lei do teto de gastos.
5. A estrutura paralela à do IBGE fragmenta funções essenciais da administração pública brasileira.
A discussão em torno da Fundações IBGE+ não é nova. O Assibge (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE) já se manifestou diversas vezes contra as ações de Pochmann, alegando falta de diálogo sobre mudanças que impactam diretamente a força de trabalho. Medidas como a transferência de unidades, o fim do trabalho remoto e a própria criação da fundação têm gerado insatisfação entre os servidores.
Por parte da presidência do IBGE, as acusações são negadas, com a liderança do órgão afirmando que as críticas resultam de "mentiras" espalhadas por ex-funcionários e sindicalistas insatisfeitos.
A Fundações IBGE+, além de ser uma fonte de discórdia, também é encarada como uma das maiores causas de descontentamento entre os trabalhadores do instituto. Seus opositores frequentemente a chamam de "IBGE paralelo". O papel da fundação é apoiar a pesquisa e inovação dentro do órgão, mas a percepção de que ela pode competir com o IBGE agrava ainda mais a tensão entre os servidores.
Recentemente, o IBGE enfrentou uma crise interna exacerbada por demissões controversas, incluindo a saída de dois diretores de pesquisa, que foram desligados da instituição sem explicações claras. Isso levou a uma carta de protesto assinada por gerentes e ex-diretores, evidenciando um clima de insatisfação que culminou em greves e mobilizações.
Além das divergências internas, a fundação e a gestão de Pochmann têm sido alvo de críticas externas, especialmente por parte da oposição política. Em um recente discurso, o ex-presidente Jair Bolsonaro questionou a veracidade dos dados divulgados pelo IBGE, chamando a atenção para a necessidade de uma revisão na credibilidade das informações estatísticas.
O IBGE também enfrentou polêmica ao lançar um novo mapa-múndi com várias falhas, revelando uma gestão que, segundo críticos, não tem dado a devida atenção à precisão e rigor científico que a instituição deve manter.
Marcio Pochmann, nomeado pelo governo Lula em 2023, já teve sua gestão questionada por supostas práticas de aparelhamento do órgão e por uma direção mais ideológica do que técnica. A Fundações IBGE+, em meio a essa tempestade, permanece um ponto central de debate sobre a capacidade de gestão do IBGE e a qualidade das estatísticas oficiais do Brasil.